quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

3º DOMINGO ADVENTO

* 3º DOMINGO

  

«Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor»


LEITURA I – Is 61,1-2a.10-11

O espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu e me enviou a anunciar a boa nova aos pobres, a curar os corações atribulados, a proclamar a redenção aos cativos e a liberdade aos prisioneiros, a promulgar o ano da graça do Senhor. Exulto de alegria no Senhor, a minha alma rejubila no meu Deus, que me revestiu com as vestes da salvação e em envolveu num manto de justiça, como noivo que cinge a fronte com o diadema e a noiva que se adorna com as suas jóias. Como a terra faz brotar os germes e o jardim germinar as sementes, assim o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor diante de todas as nações.

LEITURA II – 1 Tes 5,16-24

Irmãos: Vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus. Não apagueis o Espírito, não desprezeis os dons proféticos; mas avaliai tudo, conservando o que for bom. Afastai-vos de toda a espécie de mal. O Deus da paz vos santifique totalmente, para que todo o vosso ser – espírito, alma e corpo –Nse conserve irrepreensível para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.NÉ fiel Aquele que vos chamaNe cumprirá as suas promessas.

EVANGELHO - Jo 1,6-8.19-28

Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Foi este o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu?» Ele confessou a verdade e não negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias». Eles perguntaram-lhe: «Então, quem és tu? És Elias?» «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta?». Ele respondeu: «Não». Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo?» Ele declarou: «Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías». Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: «Então, porque baptizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?» João respondeu-lhes: «Eu baptizo em água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias». Tudo isto se passou em Betânia, além Jordão, onde João estava a baptizar.

REFLEXÃO

Na primeira parte do nosso texto (vers. 6-8), apresenta-se João. Dele dizem-se duas coisas: que é “um homem” e que foi “enviado por Deus”. O agente principal nesta história é, naturalmente, Deus: é Deus que escolhe esse homem e o envia ao mundo com uma missão concreta. É, habitualmente, esse o “método” de Deus: chama homens, confia-lhes uma missão e, através deles, intervém no mundo. A missão de João é “dar testemunho da luz”. A “luz”, no Quarto Evangelho, representa essa realidade que vem de Deus e com a qual Deus se propõe construir para os homens um mundo novo de vida definitiva e de felicidade total. João não actua por sua própria iniciativa, mas em resposta à escolha divina e para concretizar uma missão que Deus lhe confiou.
Por outro lado, embora enviado por Deus, João não é “a luz” – isto é, ele não tem a capacidade de eliminar as trevas que escurecem e desfeiam a vida dos homens, porque não tem a capacidade de dar vida aos homens. João é apenas “a testemunha” que vem preparar os homens para acolher esse que vai chegar e que será “a luz/vida”.
Na segunda parte do nosso texto (vers. 19-28), temos o “testemunho” de João. A cena coloca-nos diante de uma comissão oficial, enviada de Jerusalém para investigar João e constituída por sacerdotes e levitas (encarregados, entre outras coisas, de vigiar a ortodoxia e a fidelidade à ordem religiosa judaica). No ambiente de messianismo exacerbado da época, a figura de João e o seu testemunho resultam inquietantes para os líderes religiosos judeus…
A comissão investigadora começa por interrogar João com uma pergunta aparentemente inócua: “quem és tu?”. Os interrogadores não tomam posição. Limitam-se a esperar que o próprio João declare a sua posição e as suas intenções. João descarta totalmente a hipótese de ser o Messias. Também não aceita identificar-se com Elias (de acordo com Mal 3,22-23, Elias devia vir preparar o “dia de Jahwéh” – que, no século I era o dia da vinda do Messias libertador, enviado por Deus para construir um mundo novo). Tampouco aceita assumir o título de “o profeta” (este título parece aludir a Dt 18,15 e significava, na época de Jesus, um “segundo Moisés” que deveria aparecer nos últimos tempos). Na verdade, João não aceita que lhe atribuam nenhuma função que possa centrar a atenção na sua própria pessoa. As suas três respostas são rotundas negativas. Ele não busca a sua glória ou a sua afirmação, nem vem em seu próprio nome; a sua missão é meramente dar testemunho da “luz” e é para essa “luz” que os holofotes devem ser apontados.
É dentro deste enquadramento que devemos entender a resposta de João, quando os seus interlocutores o convidam a definir-se: “eu sou uma voz”. “Voz” é um termo relacional que supõe ouvintes a quem é comunicada uma mensagem… A “voz” não tem rosto, é anónima e passa despercebida; o importante é o conteúdo da mensagem. É isso que João é: uma “voz” através da qual Deus passa aos homens uma mensagem. É à mensagem e não à “voz” que os homens devem dar atenção.
A mensagem que a “voz” veicula é: “endireitai o caminho do Senhor”. A expressão é tomada de Is 40,3, numa versão livre. Em Isaías, a expressão é usada no contexto da intervenção salvadora de Deus para fazer regressar à Terra da Liberdade os judeus cativos na Babilónia. Pedia que o Povo instalado e acomodado, desanimado e frustrado fizesse um esforço para acolher os desafios de Deus e aceitasse pôr-se a caminho com Deus em direcção a um futuro novo de vida e de esperança. É essa mesma realidade que João é chamado a acordar no coração do seu Povo.
As respostas negativas de João desconcertam a comissão… Se João não reivindica nenhum dos títulos tradicionais – “Messias”, “Elias”, “o profeta” – a que título é que ele baptiza?
O baptismo ou imersão na água era um símbolo relativamente frequente no judaísmo. Era usado como rito de purificação (por exemplo, para um enfermo curado da sua doença – cf. Lev 14,8) ou para significar a mudança de estado de vida (podia significar, por exemplo, a passagem de uma situação de escravidão a uma situação de liberdade; para os prosélitos, significava o abandono das práticas e crenças pagãs e a adesão ao judaísmo). O baptismo de João significava, provavelmente, a ruptura com a vida das trevas e o desejo de aderir a uma nova vida. Para João seria, apenas, um primeiro passo para acolher “a luz”.
João evita responder directamente à objecção que os fariseus lhe colocam. Ele prefere desvalorizar o seu baptismo com água e apontar para “aquele” que vem e a quem João não é digno “de desatar as correias das sandálias”. Esse é que é “a luz” que vai libertar o homem da escuridão, da cegueira, da mentira, do egoísmo, do pecado. É como se João dissesse: “não vos preocupeis com o baptismo com água que eu administro, pois ele é, apenas, um símbolo de transformação e de adesão a uma nova realidade; mas olhai antes para essa nova realidade que já está no meio de vós e que o Messias vos vai oferecer. É o baptismo do Messias (o baptismo no Espírito) que transformará totalmente os corações dos homens, os fará livres e lhes dará a vida definitiva. Esse que vem baptizar no Espírito já está presente, a fim de iniciar a sua obra libertadora. Procurai conhecê-lo – isto é, escutá-lo e acolher a sua proposta de vida e de libertação”.
A indicação de que os líderes não “conhecem” esse “alguém” que já chegou e do qual João apenas é “a voz” é, provavelmente, uma denúncia da situação em que se encontra a classe dirigente judaica, instalada nos seus privilégios, certezas e preconceitos e muito pouco aberta à novidade e aos desafios de Deus.


* 2ª FEIRA

Primeira leitura: Números 24, 2-7.15-17a

Naqueles dias: 2 o profeta Balaão levanou os olhos e viu Israel acampado potribos. Desceu sobre ele o Espírito de Deus 3e ele proferiu o seu oráculo, dizendo: «Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem de olhar penetrante; 4*oráculodo que escuta as palavras de Deus, que tem a visão do Omnipotente, que se prostramas de olhos abertos. 5Como são belas as tuas tendas, Jacob, As tuas moradas,óIsrael! 6Estendemse como os valescomo jardins junto de um rio! O SENHOR planou-as como árvores de aloés, como cedros junto das águas! 7*A água escorre de seus reservatórios e suas sementeiras têm água abundante. O seu rei é mais forte que Agag, e exalta o seu reino! 15E Balaão pronunciou o seu oráculo, dizendo: «Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem de olha penetrane. 16Oráculo daquele que escuta as palavras de Deus, e conhece a sabedoria do Altíssimo, que tem a visão do Omnipotente, que se prostra, mas de olhos abertos. 17*Eu vejo, mas não para já; conemplo-o, mas ainda não próximo: Uma estrela surge de Jacob e um cepto se ergue de Israel.

Evangelho: Mateus 21, 23-27

Naquele tempo, 23*Jesus foi ao templo e, enquanto ensinava, aproximaram-sed`Ele os sumos sacerdotes e os anciãos do povo e disseram-lhe: «Com que autoridadefazes isto? E quem te deu tal poder?» 24Jesus respondeulhes: «Também Eu vou fazer-vos uma pergunta. Se me responderdes, digo-vos com que autoridade faço isto. 25De onde provinha o Bapismo de João? Do Céu ou dos homens?» Mas eles começaram a pensar enre si: «Se respondermos: ‘Do Céu’, vai dizernos: ‘Por que nãolhe destes crédio?’ 26E, se respondermos: ‘Dos homens’, ficamos com receio da multidão, pois todos têm João por um profeta.» 27E responderam a Jesus: «Não sabe-mos.» Disse-lhes Ele, por seu turno: «Também Eu vos não digo com que autoridade faço isto.»

REFLEXÃO

O Natal, desde os tempos mais remotos, é a festa da Luz, que é Jesus Cristo, Sol de Justiça. A liturgia actual recorda Isaías que diz: "Um povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz..." (9,2) e Lucas, que afirma "a glória do Senhor envolveu-os de luz" (2,9). O Prefácio I de Natal canta “Uma nova luz brilhou aos nossos olhos”.
A luz de Cristo é acolhida por uns, como os Magos, e rejeitada por outros, como Herodes. As leituras de hoje já nos deixam entrever essa diferença de atitudes: o pagão Balac acolhe a luz do Senhor; os chefes religiosos dos judeus recusam Jesus, como já tinham recusado João Baptista.
É um risco que todos corremos: contentar-nos com atitudes exteriores de religião, adaptar Deus aos nossos interesses, não apreciar suficientemente a graça. Mas, o importante é cultivarmos o espanto de quem acaba de descobrir o Senhor, uma alma de pobre, aberta às suas surpresas maravilhosas. A nossa atitude não pode ser a de sábios satisfeitos e fechados nas suas certezas reais ou imaginárias, mas a dos humildes, sempre dispostos a acolher a luz do Senhor.
A promessa messiânica da primeira leitura convida-nos a meditar sobre a fidelidade de Deus às suas promessas. Para isso, confunde qualquer poder que a Ele se oponha, ou que se oponha ao seu projecto de libertação, seja poder humano ou sobre-humano. O episódio de Balaão revela-nos que nada pode resistir ao triunfo do plano de Deus.
O texto evangélico pede-me para confrontar as minhas opções com as exigências evangélicas. Por vezes, posso incluir-me entre os adversários de Jesus, ou revelar a minha indisponibilidade interior para O acolher, com as suas exigências. Não tenho também resistido a uma decisão responsável diante de Deus? É provável, se não tiver um olhar de fé sobre os acontecimentos da vida, se pretender manter-me na área da procura das minhas conveniências ou da consideração dos outros.


* 3ª FEIRA

Primeira leitura: Sofonias 3, 1-2. 9-13

Eis o que diz o Senhor:1 Ai da cidade rebelde, manchada e opressora! 2*Ela não ouviu o apelo, nem aceitou o aviso; não confiou no SENHOR, nem se aproximou do seu Deus. 9*Então, darei aos povos lábios puros, para que todos possam invocar o nomedo SENHOR e servi-lo de comum acordo.10 Da outra banda dos rios da Etiópia, os meus adoradores dispersos virão trazer-me ofertas.11*Naquele dia, não te envergonharás dos pecados que cometeste conra mim, porque exterminarei do meiode ti os orgulhosos e os arrogantes; e cessarás de te orgulhar na minha montanha santa.12 Deixarei subsistir no meio de ti um povo pobre e humilde; eles procurarão refúgio no nome do SENHOR. 13 O resto de Israel não cometerá mais a iniquidade nem proferirá meniras; não se achará mais na sua boca uma língua enganadora. Eles apascentarão e repousarão sem que ninguém os inquiete.

Evangelho: Mateus 21, 28-32

Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dossacerdoes e os anciãos dopovo: 28«Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse-lhe:‘Filho, vai hoje trabalha na vinha.’ 29Mas ele respondeu: ‘Não quero’ Mais tarde, porém, arrependeu-se e foi. 30Dirigindo-se ao segundo, falou-he do mesmo modo e ele respondeu: ‘Vou sim, senhor.’ Mas não foi. 31Qual dos dois fez a vontade ao pai?» Responderam eles: «O primeiro» Jesus disse-lhes: «Em verdade vos digo: Os cobradores de impostos e as meretrizes vão preceder-vosno Reino de Deus. 32*João veio até vós, ensinando-vos o caminho da justiça, e não acreditastes nele; mas os cobadores de impostos e as meretrizes acreditaram nele. E vós, nem depois de verdes isto, vos arrependestes para aceditar nele.»

REFLEXÃO

«Ai da cidade rebelde, manchada e opressora! Ela não ouviu o apelo, nem aceitou o aviso; não coniou no SENHOR, nem se aproximou do seu Deus». Jesus vem até nós na humildade, na simplicidade e na pobreza. É também na humildade, na simplicidade e na pobreza que havemos de nos preparar para ir ao seu encontro, para O acolhermos. O orgulho impede-nos a aproximação a Jesus, porque não reconhecemos a nossa carência de salvação.
Também é importante preparar-se para o Natal, vivendo na verdade. A mentira é a nossa protecção inconsciente. Mentimos a nós mesmos, mesmo sem nos darmos conta disso, para nos defendermos, para não reconhecermos que estamos cheios de coisas e, sobretudo, de nós mesmos, e que, desse modo, não agradamos a Deus. «O resto de Israel não cometerá mais a iniquidade nem proferirá mentiras; não se achaámais na sua boca uma língua enganadora». A vivência da verdade aproxima-nos do «resto» de Israel, o povo simples, pobre e humilde, que estava disposto para receber o Senhor.
A parábola evangélica é um aviso para nós. Há que evitar a atitude do filho mais velho: diz que vai para a vinha; mas não vai. É preciso afastar toda a incoerência da nossa vida. Há que não cair numa obediência meramente formal. Caso contrário, corremos o risco de reduzir a nossa justiça moral e religiosa a simples fachada, esquecendo-nos de procurar e cumprir a vontade de Deus, como expressão do nosso amor para com Ele.
A melhor defesa contra estas tentações é contemplar o estilo do nosso Deus, que convida à conversão e derrama as suas bênçãos sobre os simples, os pobres, os humildes, sobre aqueles que apenas confiam n´Ele, e não nos seus próprios méritos.
Maria é a imagem mais expressiva daqueles que esperam e acolhem o Salvador. Ela é a mais pobre entre os “pobres de Jahvé”, os “anawin”, que não tendo prestígio ou poder humano, se apoiam unicamente em Deus, se abandonam totalmente a Ele, e dizem como a Virgem: “faça-se em Mim segundo a tua palavra”, isto é: faz de mim o que quiseres. Deus doa-Se totalmente a eles: aos simples, aos pobres e humildes.
Maria é, pela Sua vida, um sim total à vontade de Deus. Nela revive, aperfeiçoado o “sim” de Abraão, que preanuncia o “sim” total de Cristo à vontade do Pai, até à “kénosis”, ao aniquilamento (cf. Fil 2, 8).
Mas, como o Pai encheu Cristo da Sua glória (cf. Fil 2, 9-11), assim também enche Maria com a Sua graça (“kekaritomene: cheia de graça; Lc 1, 28). A humildade não anula a personalidade de Maria, mas potencia-a, porque dá espaço à fé, à caridade, a Deus; é um vazio que se enche da plenitude da graça.


* 4ª FEIRA

Primeira leitura: Isaías 45, 6b-8.18.21b-25

6 Eu é que sou o Senhor. Não há outro. 7Fomo a luz e crio as trevas, dou afelicidade e mando a infelicidade. Eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas. 8Destilai, ó céus, lá das alturas o orvalho, e que as nuvens façam chover a justiça. Abrase a terra paraque floresça a salvação, e germine igualmente a justiça. Eu sou o Senhor, que criou tudo isto.» 18Eis o que diz o Senhor, criador dos céus, o Deus que formou a terra e a consolidou, que não a criou em caos, mas pronta para ser habitada: «Eu é que sou o Senhor e não há outro.» 21 Quem anunciou estas coisas há muito tempo? Quem o revelou desde então? Não fui Eu, o Senhor? Não há outro Deus além de mim. Eu sou um Deus juso e salvador, e não há nenhum outro. 22Voltai-vos para mim e sereis salvos, vós que habitais nos conins da terra, porque Eu sou Deus e não há nenhum outro. 23Juro pormim mesmo, e o que digo é verdadeiro, é uma palavra irrevogável: «Todo o joelho sedobrará diante de mim toda a língua jurará por mim.» 24Dirão: «Só no Senhor residem a ustiça e a força.» Aé Ele hão-de acorrer envergonhados todos os que conra Ele se tinham levantado. 25No Senhor triunará e se gloriará toda a descendência de Israel.

Evangelho: Lucas 7, 19-23

Naquele tempo, 19João Baptista chamou dois dos seus discípulos e mandou-osao Senhor com esta mensagem: «És Tu o que está para vir, ou devemos esperar outro?» 20Ao chegarem junto dele, os homens disseram: «João Baptista mandou-noster contigo para te perguntar: ‘És Tu o que está para vir, ou devemos esperar outro?’» 21Nessa altura, Jesus curava a muitos das suas doenças, padecimentos e espírios malignos e concedia visa a muitos cegos. 22Tomando a palavra, disse aos enviados: «Ide contar a João o que vises e ouvistes: Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem os mortos ressuscitam a Boa-Nova é anunciada aos pobres; 23e feliz de quem não tiver em mim ocasião de queda»

REFLEXÃO

«Destilai, ó céus, lá das alturas o orvalho, e que as nuvens façam chover a justiça». Isaías oferece-nos, hoje, uma aclamação que traduz perfeitamente o estado de alma de quem vive o Advento. Por isso é que a Igreja a repete tanta vez na sua oração durante este tempo litúrgico. O profeta manifesta o desejo de uma intervenção divina, porque está convencido de que a justiça e a salvação só podem vir de Deus. Ao contrário de tantos outros textos, em que a intervenção de Deus é comparada a uma tremenda batalha contra os maus, aqui é comparada a uma calma e benéfica orvalhada, ao mistério de uma chuva fecunda. São imagens adequadas ao mistério da Incarnação, que não se realizou de modo estridente, mas com infinita discrição, na «sombra» do Espírito Santo. À intervenção divina deve corresponder a nossa discreta disponibilidade: «Abra-se a terra!» E a terra abriu-se, quando a Virgem de Nazaré deu o seu “sim”: «Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38).
O evangelho de hoje apresenta-nos João rendido a Cristo, dando testemunho dele com a sua vida. João é também “terra aberta” ao Verbo de Deus feito homem, um verdadeiro disponível, um verdadeiro “pobre de Deus”, que Jesus proclama bem-aventurado. O Baptista é imagem do crente que caminha na paciência e que está sempre disponível a reformular as suas expectativas perante o imprevisível estilo da vinda de Deus. Assim vai aprofundando a sua esperança até ao supremo testemunho do sangue.
João ensina-nos que, mesmo a fé mais forte e sincera pode coexistir com a dúvida e que a maneira de vencer essa dúvida é a oração. Renunciando a pôr em causa a promessa de Deus e revendo os nossos modos limitados de ver a promessa divina de esperar a sua realização, encontramos a paz. À fé que se torna invocação, Deus responde oferecendo-nos um novo olhar que nos permite ver os sinais do seu amor na nossa vida e os sinais daquela humanidade nova que continua a criar, ainda hoje. Assim, com a palavra de Isaías, descubro que Deus pode e quer salvar o seu povo, mesmo quando as aparentes contradições da história parecem mostrar o contrário. O modo de agir de Deus é misterioso e incomparável às soluções humanas para os mesmos problemas. Deus gosta de surpreender.
A fé de Maria é a síntese, o coroamento da fé do Antigo Testamento. Toda a história humana, conscientemente (em Israel) ou inconscientemente (fora de Israel), é uma espera da salvação, um suspiro, um grito que se ergue para Deus: “Destilai ó céus, lá das alturas o orvalho, e que as nuvens façam chover a justiça. Abra-se a terra para que floresça a salvação» (Is 45, 8): é tudo um imenso acto de fé expresso, em Israel, ao longo dos séculos, pela disponibilidade dos Patriarcas, da história do povo eleito, da clarividência dos Profetas, entre os quais, João Baptista. Mas só a fé de Maria faz transbordar o tempo na sua plenitude. A Virgem torna-se, Ela mesma, o Advento do Salvador. “A fé de Abraão - afirma a Redemptoris Mater - constitui o começo da Antiga Aliança; a fé de Maria, na Anunciação, dá início à Nova Aliança” (n. 14).
A Virgem acreditou, disse “sim”, aderiu ao projecto e à realização do projecto da salvação para Si e para todos nós. É o mistério do “fiat” (faça-se) de Maria, de que mal compreendemos a profundidade e o alcance. Ao pronunciar o Seu “fiat” (faça-se) a Virgem, não só consentiu na redenção em nome de toda a humanidade, mas também disse sim a todos os mistérios cristãos: ao mistério da vida divina nas almas por meio da graça, à Eucaristia, ao sacerdócio, a todas as fontes da santidade. Por isso, com dizem as nossas Constituições (n. 85) «Pelo seu Ecce ancilla (Eis a serva), estimula-nos à disponibilidade na fé: é a imagem perfeita da nossa vida religiosa».
O que é verdade, em primeiro lugar sobre Cristo, também é verdade, de modo subordinado acerca da Virgem: “Deus omnia nos volui habere per Mariam... Deus quis-nos dar tudo por Maria!”.
O cristianismo, nos seus séculos de história, nada mais fará do que reviver a fé de Maria, haurindo-a no Seu coração de Mãe, no mistério da Sua sublime missão materna, que Lhe foi confiada pelo Salvador ao morrer na cruz (cf. Jo 19, 26-27), de tal modo que, todos aqueles que, pela fé, são filhos de Deus, são também pessoalmente filhos de Maria.


* 5ª FEIRA

Primeira leitura: Isaías 54, 1-10

1*Exulta dealegriaestéril, tu que não tinhas filhos, entoa cânticos de júbilo, tuque não davas à luz, porque os filhos da desamparada são mais numerosos do que osda mulher casada. É o Senhor quem o diz. 2Alarga o espaço da tua tenda, estende sem medo as lonas que te abrigam, e estica as tuas cordas, fixa bem as tuas estacas3porque vais aumentar por todos os lados. Os teus descendentes possuião as nações, e povoarãocidades desertas. 4Nãoenhas medo, porque não voltarás a ser humilhada.Não te envergonhes, porque não voltarás a ser desonrada. Esquecer-te-ás da vergonha do teu estado de solteira, e não te lembrarás do opróbrio da tua viuvez. 5Com efeito, o teu criador é que é o teu esposo, o seu nome é Senhor do universo. O teu redenor é o Santo de Israel, chama-se Deus de toda a terra.6O Senhor chamou-tenovamente como a uma mulher abandonada e angustiada. Na verdade, como se pode repudiar a esposa da juventude? É o teu Deus quem o diz. 7Por um curo momento Eute abandonei, mas, com grande amor, volto a unir-me conigo 8Num acesso de ira, e por um instante, escondi de ti a minha face, mas Eu tenho por ti um amor eterno. É o Senhor teu redentor quem o diz. 9*Vou agir como no tempo de Noé: jurei que nuncamais o dilúvio se abateria sobre a terra. Do mesmo modo, juro nunca mais me irritar contra ti, nem te ameaçar. 10Ainda que os montes sejam abalados e tremam as colinas, o meu amor por ti nunca mais será abalado, e a minha aliança de paz nuncamais vacilará. Quem o diz é o Senhor, que tanto te ama.

Evangelho: Lucas 7, 24-30

24*Depois de os mensageiros de João Baptista se terem retirado, Jesus começou a dizer à multidão acerca dele: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? 25Que fostes ver, então? Um homem vestido com roupas finas? Os que usam trajes sumptuosos vivem regaladamente e estão nos palácios dos reis 26*Que fostes ver enão? Umproeta? Sim Eu vo-lo digo, e mais do que um profeta27É aquele de quem está escrio: ‘Vou mandar à tua frente o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de ti.’ 28*Digo-vos Entre os nascidos de mulher não há poea maior do que João; mas, o mais pequeno do Reino de Deus é maior do que ele.» 29E todo o povo que o escutou, bem como os cobradores de impostos, reconheceram a justiça de Deus, recebendo o baptismo de João. 30*Mas, não se deixando baptizar por ele, os fariseus e os douores da Lei anularam os desígnios de Deus a seu respeito.

REFLEXÃO

O profeta Isaías leva-nos, hoje, a meditar sobre o amor esponsal de Deus pelo seu povo, por cada um de nós, e sobre a importância que a «provação» pode ter numa caminhada de fé. Somos convidados a reconhecer-nos na figura feminina de Sião, que se sentia como uma mulher «abandona e aflita», que agora experimenta a alegria de se sentir amada por um esposo fiel, que não repudia a companheira da sua juventude, mas a ama ainda mais ternamente. A provação da fé abre ao acolhimento de uma comunhão ainda mais profunda, simbolizada na união do homem e da mulher. Abre também a uma confiança mais forte na fidelidade de Deus.
Porque é que «o mais pequeno do Reino de Deus é maior do que ele», João Baptista? A resposta é a nova criação. O Reino de Deus trazido por Cristo é uma mudança radical. Quem entra nele, recebe uma vida nova, não já a nível humano, mas a vida dos filhos de Deus. É esta a maravilha que nos espera. O Filho torna-nos participantes da sua filiação. Trata-se de um dom gratuito de Deus, que recebemos contra todas as nossas expectativas e capacidades humanas. O profeta proclamava: «Exulta de alegria, estéril, tu que não tinhas filhos, entoa cânticos de júbilo, tu que não davas à luz, porque os filhos da desamparada são mais numerosos do que os da mulher casada. É o Senhor quem o diz». A fecundidade natural na nova criação transfigura-se: a imaculada Conceição de Maria é o começo de um mundo novo. O Filho de Maria é o Filho de Deus. O evangelho incita-nos ao testemunho de todas estas realidades por meio da meditação da figura de João Baptista, testemunha de Cristo. A sua figura indica-nos a firmeza, a coragem e a perseverança com que havemos de dar esse testemunho.
Jesus termina alertando-nos para o perigo de não fazermos da escuta da palavra de Deus uma verdadeira ocasião de conversão. Sem essa conversão, não é possível experimentar o amor esponsal de Deus pelo seu povo, o amor esponsal de Cristo pela sua Igreja, isto é aquela relação íntima entre Deus e o Seu povo, entre Cristo e a Sua Igreja, aquela relação a que todos somos chamados (cf.. 2 Cor 11, 2; Ef 5, 21-32; Apoc 19, 7-8; 22, 17.20). A união entre nós e Cristo é mais profunda e íntima do que a que existe entre dois esposos que “formam uma só carne” (Ef 5, 31). Com Cristo somos uma só vida (cf. Gal 2, 20). A nossa reparação “como resposta ao amor de Cristo por nós” (Cst. 23) tem esta força, este sentido profundo. Para além de todo o devocionismo sentimental, Cristo é, de verdade, para nós, um esposo de sangue: “Amou-me e entregou-Se por mim” (Gal 2, 20); “vemos no Lado aberto do Crucificado o sinal do amor que, na doação total de Si mesmo, recria o homem segundo Deus” (Cst. 21).


* 6ª FEIRA

Primeira leitura: Isaías 56, 1-3.6-8

1*Eis o que diz o Senhor: «Respeitai o direito, praticai a justiça, porque a minha salvação está mesmo a chegar, e a minha vitória prestes a aparecer. 2Feliz o homem que assim procede, e o mortal que assim actua com firmeza que guarda o sábado sem o profanar, e conserva as suas mãos limpas de toda a obra má. 3*Não diga o estrangeiro que se converteu ao Senhor: ‘O Senhor me excluirá do seu povo. ‘ E não diga o eunuco: ‘Eu sou apenas um lenho seco.’» 6Quanto aos estrangeiros que se converterem ao Senhor, para o servirem e amarem e serem seus servos, se guardaremo sábado sem o poanar, e orem fiéis à minha aliança, 7*hei-de conduzi-los ao meusanto monte, hei-de cumulá-los de alegria na minha casa de oração; os seus holocaustos e sacrifícios ser-me-ão agradáveis sobre o meu altar, porque a minha casaé casa de oração, e assim será para todos os povos 8-oráculo do Senhor Deus, que reúne os exilados deIsrael: ‘Hei-de reunir ainda outros aos que já foram reunidos.’»

Evangelho: João 5, 33-36

Naquele tempo, Jesus disse aos Judeus: 31*«Se Eu testemunhasse em favor de mimo meu testemunho não teria valor; 32há outro que tesemunha em favor de mim, e Eusei que o seu testemunho favorável a mim é verdadeiro. 33Vós enviastes mensageirosa João, e ele deu testemunho da verdade. 34Não é, porém, de um homem que Eu recebo testemunho, mas digo-vos isto para vos salvardes 35João era uma lâmpada ardene e luminosa, e vós, por um instante, quisestes alegrar-vos com a sua luz. 36Mas tenho a meu favor um testemunho maior que o de João, pois as obrasque o Pai me confiou para levar a cabo, essas mesmas obras que Eu faço, dão testemunho de que o Pai me enviou.

REFLEXÃO

Deus quer que todos os homens se salvem. As palavras de Isaías levam-nos a contemplar, admirados e agradecidos a imensa misericórdia de Deus para connosco. Convocou-nos, também a nós, de um povo que não era o seu povo. Convida todos os povos a participar na Sua vida e a servi-Lo. Ninguém pode permanecer longe do seu amor e da sua intimidade, alegando indignidade pela sua condição de criatura ou pelo seu pecado. Não nos pede títulos de mérito, mas apenas a busca da sua vontade e o desejo de habitar na sua «casa de oração», o desejo de intimidade com Ele.
Na casa do Senhor, escutamos a Palavra da Escritura, onde pulsa o coração de Cristo. A mesma Palavra traz até nós o eco da pregação de João Baptista que nos aponta o Cordeiro, o Esposo das nossas almas, Aquele que há-de vir encher-nos de luz e iluminar o nosso caminho.
A Palavra da liturgia leva-nos a entrever algo do mistério de amor e de comunhão que liga o Filho ao Pai e que faz da pessoa de Jesus e das suas obras a manifestação perfeita do Rosto do Pai, que não quer julgar-nos, mas nos oferece a vida e a libertação.
O Advento é tempo de grandes promessas e de grandes expectativas. Escutemos e saboreemos a promessa que, hoje, Deus, nosso Pai, nos faz: «Hei-de conduzi-los ao meu santo monte, hei-de cumulá-los de alegria na minha casa de oração» (v. 7). Deus quer encher-nos de alegria. A ternura e a generosidade do seu coração paterno manifestam-se nesta promessa. Deus quer para nós uma felicidade total, uma superabundância de felicidade. Convencer-nos disso é já uma enorme alegria, uma luz para a nossa vida.
Como só na intimidade com Deus é que podemos encontrar a alegria e a felicidade, Ele quer conduzir-nos ao seu monte santo, e dar-nos um lugar na sua «casa de oração», isto é, um lugar onde nos relacionemos com Ele de modo confiante: «Felizes os que habitam na vossa casa, Senhor!» (Sl 83 (84), 3). As nossas inclinações naturais levam-nos, muitas vezes, a procurar a felicidade noutros lugares. A liturgia do Advento orienta-nos na busca: «Uma só coisa pedi ao Senhor,e por ele anseio: habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para saboear como o Senhor é bom» (Sl 26 (27), 4). Assim nos dispomos para ser repletos de alegria na casa do Senhor. A Eucaristia é, por excelência, «a casa do Senhor», onde se realiza, desde já, no modo mais profundo, o encontro de amor entre Deus e o homem. Nela se estreitam as relações entre o céu e a terra, entre o tempo e a eternidade. A comunhão eucarística, e a Presença eucarística, que adoramos, preparam-nos para a posse de Deus e para a visão beatífica. São sua antecipação e penhor eficaz. Os véus eucarísticos estão destinados a rasgar-se completamente depois da nossa morte. A santa humanidade de Cristo, que veremos de maneira descoberta, tornar-se-á o templo transparente da majestade de Deus. Realizar-se-á plenamente a resposta dada por Jesus a Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta”... Filipe, “quem Me vê, vê o Pai... Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim?” (Jo 14, 8-10: cf. Jo 2, 19-22; 4, 21-24).
Na vida eterna, mais nenhum véu se interporá entre nós e a Presença divina. Será o “Sim” eterno à Verdade, ao Amor, à Felicidade. Será o Paraíso. Nas nossas adorações eucarísticas, roguemos ao Senhor: “rasguem-se estes véus e apareça a Majestade eterna, o rosto do Pai, no templo de amor do coração de Cristo!”.


* SÁBADO

Primeira leitura: Génesis 49, 2.8-10

Naqueles dias, Jacob chamou os filhos e disse-lhes: 2Ajuntai-vos para escutar,filhos de Jacob. Para escutar Israel, vosso pai.
8*A ti, Judá, teus irmãos te louvarão. A tua mão fará curvar o pescoço dos teusinimigos. Os filhos de teu pai inclinar-se-ão diante de ti! 9Tu és um leãozinho, Judá; quando regressas, ó meu filho, com a tua presa! Ele deita-se. É o repouso do leão e daleoa; quem ousará despertá-lo? 10*O ceptro não escapará a Judá, nem a autoridade àsua descendência, aé que venha aquele a quem pertence o comando e ao qual obedeceão os povos.

Evangelho: Mateus 1, 1-17

1*Genealogia de Jesus Cristo, filho de David filho de Abraão. 2Abraão gerou Isaac; Isaac gerou Jacob; Jacob gerou Judá e seus irmãos; 3Judá gerou, de Tamar, Peres e Zera; Peres gerou Hesron; Hesron gerou Rame; 4Rame gerou Aminadab; Aminadab gerou Nachon; Nachon gerou Salmon; 5Salmon gerou, de Raab, Booz; Boozgerou, de Rute, Obed; Obed gerou Jessé; 6Jessé gerou o rei David. David, da mulherde Urias, gerou Salomão; 7Salomão gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerouAsa; 8Asa gerou Josafat; Josafat gerou Jorão Jorãogerou Uzias; 9Uzias gerou Jotam; Joam gerou Acaz; Acazgerou Ezequias; 10Ezequias gerou Manassés; Manassés gerouAmon; Amon gerou Josias; 11Josias gerou Jeconias e seus irmãos, na época da deportação para Babilónia. 12Depois da depoação para Babilónia, Jeconias gerou Salatiel; Salatiel gerou Zorobabel; 13Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliaquim; Eliaquim gerou Azur; 14Azur gerou Sadoc; Sadoc gerou Aquim; Aquim gerou Eliud; 15Eliud gerou Eleázar; Eleázar gerou Matan; Matan gerou Jacob.16Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo. 17*Assim, o número total das gerações é, desde Abraão até David, catorze; de David até ao exílio da Babilónia, catorze; e, desde o exílio da Babilónia até Cristo, catorze.

REFLEXÃO

O projecto de Deus foi longamente preparado, como mostra a genealogia com que Mateus inicia o seu evangelho. Cristo veio na plenitude dos tempos, uma plenitude, à primeira vista, desconcertante: o tempo nada fazia esperar de bom, o lugar do nascimento é uma pequena aldeia, José, embora sendo da descendência de David, era um modesto trabalhador desconhecido. Mas Deus é senhor do impossível e realiza os seus planos, quando nada o fazia prever…
A primeira leitura é uma profecia de Jacob que fala do ceptro de Judá, que promete um vencedor: «um leãozinho, Judá», um dominador: «Os filhos de teu pai inclinar-se-ão diante de ti!». Judá é o elo que liga a primeira leitura ao evangelho. Cristo é filho de Judá. O segundo Adão entrou na aventura humana, marcada pelo pecado, pelo sofrimento e pela morte, por causa da desobediência dos nossos primeiros pais, não para punir a humanidade, mas para a transformar e reconduzir à amizade com Deus, como estava previsto no primeiro projecto. Toda a história de Israel é testemunho do anúncio da vinda de um redentor, que os homens esperam para receber a promessa: toda a lei está grávida de Cristo, diria Agostinho de Hipona. Em Jesus, Deus fez-se efectivamente homem, e o sonho tornou-se realidade. O Deus-connosco fez Deus- para-nós, apesar das nossas infidelidades e do nosso fraco acolhimento.
Fazemos parte desta história, que nos liga a Abraão e a David, fio de ouro que muitas vezes quebrámos com o nosso pecado e que Deus volta a ligar em Jesus, aproximando-nos cada vez mais do seu coração. E Ele, que conhece as fragilidades do espírito humano, sabe compreender e perdoar a nossa fraqueza, mas espera a conversão do nosso coração e o reconhecimento d´Aquele a quem pertence toda a realeza e a quem todos os povos devem obediência, fidelidade e amor.
Cristo, Verbo eterno de Deus, assumiu a carne humana, da estirpe de David. Fez-Se intimamente próximo de nós homens: pela sua humanidade, ergueu a sua tenda no meio das nossas (cf. Jo 1, 14); tornou-Se nosso companheiro da caminhada terrena, peregrino connosco rumo à pátria celeste, em tudo igual a nós, com as nossas fragilidades, os nossos sofrimentos, excepto o pecado; mas carregou sobre Si os nossos pecados e ofereceu-Se em sacrifício por eles. Assim alcançou a vitória: «venceu o Leão da tribo de Judá, o rebeno da dinasia de David» (Apoc 5, 5). Mas este vencedor é um Cordeiro imolado, não um leão que devora a presa. E todavia é verdadeiramente o leão de Judá, o vencedor. Mas a sua vitória não foi obtida de maneira humana. Venceu-a com o sacrifício de si mesmo. E a sua vitória continua a realizar-se: Cristo, de Lado aberto e Coração trespassado, continua a atrair todos os homens. É, na verdade, o vencedor prometido, que vem da tribo de Judá.

Ricardo Igreja

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