domingo, 20 de março de 2011

EPIFANIA DO SENHOR

* DOMINGO


«Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O»


LEITURA I – Is 60,1-6

Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas sobre ti levanta-Se o Senhor, e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá; hão-de trazer ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor.

LEITURA II – Ef 3,2-3a.5-6

Irmãos:
Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.

EVANGELHO – Mt 2,1-12

Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, caindo de joelhos, prostraram-se e adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho

Reflexão

A análise dos vários detalhes do relato confirma que a preocupação do autor (Mateus) não é de tipo histórico, mas catequético. Notemos, em primeiro lugar, a insistência de Mateus no facto de Jesus ter nascido em Belém de Judá (cf. vers. 1.5.6.7). Para entender esta insistência, temos de recordar que Belém era a terra natal do rei David e que era a Belém que estava ligada a família de David. Afirmar que Jesus nasceu em Belém é ligá-lo a esses anúncios proféticos que falavam do Messias como o descendente de David que havia de nascer em Belém (cf. Mi 5,1.3; 2 Sm 5,2) e restaurar o reino ideal de seu pai. Com esta nota, Mateus quer aquietar aqueles que pensavam que Jesus tinha nascido em Nazaré e que viam nisso um obstáculo para O reconhecerem como o Messias libertador.
Notemos, em segundo lugar, a referência a uma estrela “especial” que apareceu no céu por esta altura e que conduziu os “magos” para Belém. A interpretação desta referência como histórica levou alguém a cálculos astronómicos complicados para concluir que, no ano 6 a.C., uma conjunção de planetas explicaria o fenómeno luminoso da estrela refulgente mencionada por Mateus; outros andaram à procura de um cometa que, por esta época, devia ter sulcado os céus do antigo Médio Oriente… Na realidade, é inútil procurar nos céus a estrela ou cometa em causa, pois Mateus não está a narrar factos históricos. Segundo a crença popular da época, o nascimento de um personagem importante era acompanhado da aparição de uma nova estrela. Também a tradição judaica anunciava o Messias como a estrela que surge de Jacob (cf. Nm 24,17). Ora, é com estes elementos que a imaginação de Mateus, posta ao serviço da catequese, vai inventar a “estrela”. Mateus está, sobretudo, interessado em fornecer aos cristãos da sua comunidade argumentos seguros para rebater aqueles que negavam que Jesus era esse Messias esperado.
Temos, ainda, as figuras dos “magos”. A palavra grega “mágos” usada por Mateus abarca um vasto leque de significados e é aplicada a personagens muito diversas: mágicos, feiticeiros, charlatães, sacerdotes persas, propagandistas religiosos… Aqui, poderia designar astrólogos mesopotâmios, em contacto com o messianismo judaico. Seja como for, esses “magos” representam, na catequese de Mateus, esses povos estrangeiros de que falava a primeira leitura (cf. Is 60,1-6), que se põem a caminho de Jerusalém com as suas riquezas (ouro e incenso) para encontrar a luz salvadora de Deus que brilha sobre a cidade santa. Jesus é, na opinião de Mateus e da catequese da Igreja primitiva, essa “luz”. Além de uma catequese sobre Jesus, este relato recolhe, de forma paradigmática, duas atitudes que se vão repetir ao longo de todo o Evangelho: o Povo de Israel rejeita Jesus, enquanto que os “magos” do oriente (que são pagãos) O adoram; Herodes e Jerusalém “ficam perturbados” diante da notícia do nascimento do menino e planeiam a sua morte, enquanto que os pagãos sentem uma grande alegria e reconhecem em Jesus o seu salvador. Mateus anuncia, desta forma, que Jesus vai ser rejeitado pelo seu Povo; mas vai ser acolhido pelos pagãos, que entrarão a fazer parte do novo Povo de Deus. O itinerário seguido pelos “magos” reflecte a caminhada que os pagãos percorreram para encontrar Jesus: estão atentos aos sinais (estrela), percebem que Jesus é a luz que traz a salvação, põem-se decididamente a caminho para o encontrar, perguntam aos judeus – que conhecem as Escrituras – o que fazer, encontram Jesus e adoram-n’O como “o Senhor”. É muito possível que um grande número de pagano-cristãos da comunidade de Mateus descobrisse neste relato as etapas do seu próprio caminho em direcção a Jesus.


* 2ª FEIRA

Primeira leitura: 1 João 3, 22-4, 6

Caríssimos, temos plena confiança diante de Deus, 22*e recebemos dele tudo o que pedirmos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que lhe é agradável. 23*E este é o seu mandamento: que acreditemos no Nome de seu Filho, Jesus Cristo, e que nos amemos uns aos outros, conforme o mandamento que Ele nos deu. 24*Aquele que guarda os seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele; e é por isto que reconhecemos que Ele permanece em nós: graças ao Espírito que nos deu. 1*Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos são de Deus, pois muitos falsos profetas apareceram no mundo. 2Reconheceis que o espírito é de Deus por isto: todo o espírito que confessa Jesus Cristo como vindo em carne mortal é de Deus; 3*e todo o espírito que não faz esta confissão de fé acerca de Jesus não é de Deus. Esse é o espírito do Anticristo, do qual ouvistes dizer que tem de vir; pois bem, ele já está no mundo. 4*Meus filhinhos, vós sois de Deus, e venceste-los, porque é mais poderoso o espírito que está em vós do que aquele que está no mundo. 5*Eles são do mundo; por isso falam a linguagem do mundo, e o mundo ouve-os. 6*Nós somos de Deus. Quem conhece a Deus ouve-nos; quem não é de Deus não nos ouve. É por isto que nós reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro.

Evangelho: Mateus 4, 12-17.23-25

12*Naquele tempo Jesus ouviu dizer que João fora preso, retirou-se para a Galileia. 13Depois, abandonando Nazaré, foi habitar em Cafarnaúm, cidade situada à beira- mar, na região de Zabulão e Neftali, 14para que se cumprisse o que o profeta Isaías anunciara: 15*Terra de Zabulão e Neftali ,caminho do mar, região de além do Jordão, Galileia dos gentios.16O povo que jazia nas trevasviu uma grande luz; e aos que jaziam na sombria região da morte surgiu uma luz.17*A partir desse momento, Jesus começou a pregar, dizendo: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu.» 23*Depois, começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando entre o povo todas as doenças e enfermidades. 24A sua fama estendeu-se por toda a Síria e trouxeram-lhe todos os que sofriam de qualquer mal, os que padeciam doenças e tormentos, os possessos, os epilépticos e os paralíticos; e Ele curou-os. 25*E seguiram-no grandes multidões, vindas da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e de além do Jordão.

Reflexão

O tema de Cristo luz do mundo é o aspecto teológico mais arcaico e mais presente na liturgia de Natal, especialmente na celebração da meia-noite. A liturgia actual recorda Isaías: "Um povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz..." (9,2) e Lucas "a glória do Senhor envolveu-os de luz"(2,9). “Uma nova luz brilhou aos nossos olhos”, canta o Prefácio I. O evangelho de hoje retoma o tema da luz. Lucas narra que Jesus, logo ao chegar à Galileia dos gentios, «começou a pregar», revelando-se verdadeiramente divino e humano: divino, porque fala em nome de Deus, anunciando o Reino de Deus; humano, porque se mostra cheio de compaixão para com todos os necessitados. Este aspecto divino e humano é fundamental na revelação de Jesus. João mantém-se fiel a essa revelação, como verificamos na primeira leitura. O Apóstolo não nos oferece pensamentos altíssimos para reconhecermos o espírito de Deus. Dá-nos um critério simples e concreto: «todo o espírito que confessa Jesus Cristo como vindo em carne mortal é de Deus». Temos, assim, um sinal decisivo para avaliar as nossas inspirações. Se a nossa espiritualidade nos levar para fora da nossa condição quotidiana, para o mundo do sonho e da evasão, não estamos a ser fiéis a Cristo. Pelo contrário, se encontramos Jesus «na carne», isto é, na nossa vida quotidiana, no lugar concreto onde vivemos trabalhamos, nas nossas responsabilidades de cada dia, somos verdadeiros discípulos, estamos em comunhão com Ele. A comunhão com Cristo, ou a união com Ele, é fundamental na nossa vida de cristãos. É o centro da nossa fé. É condição essencial para nos salvarmos. Ele é, de verdade, «a chave, o centro, o fim do homem, e de toda a história humana» (GS 10). Estar em comunhão, estar unido a Cristo é acreditar n´Ele, fiar-se n´Ele, deixar-se transformar por Ele, aceitá-lo como modelo de comportamento: «Dei-vos o exemplo para que façais como Eu fiz» (Jo 13, 15). Esta fé-comunhão com Jesus torna-se uma força dinâmica e criadora, tendente ao testemunho e acção, para que Cristo e a sua mensagem são conhecidos e aceites pelos homens. Os encontros com Jesus encerram e manifestam uma força transformante extraordinária, porque desencadeiam um verdadeiro processo de conversão, de comunhão e de solidariedade humana. O encontro com Cristo, especialmente na Palavra e na Eucaristia, realiza a nossa união com Ele, a comunhão com Ele, que nos dão confiança e ardor, lançandonos “pelos caminhos do mundo ao serviço do Evangelho” (Cst. 82), para levarmos a sua luz a todos os que ainda jazem nas trevas e sombras da morte, e nos tornarmos bons samaritanos da humanidade.


* 3ª FEIRA

Primeira leitura: 1 João 4, 7-10

7*Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus. 8*Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor. 9*E o amor de Deus manifestou-se desta forma no meio de nós: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que, por Ele, tenhamos a vida. 10*É nisto que está o amor: não em termos sido nós a amar a Deus, mas em ser Ele mesmo que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados.

Evangelho: Marcos 6, 34-44

34Naqueke tempo: Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas. 35A hora já ia muito adiantada, quando os discípulos se aproximaram e disseram: «O lugar é deserto e a hora vai adiantada. 36Manda-os embora, para irem aos campos e aldeias comprar de comer.» 37* Jesus respondeu: «Dai-lhes vós mesmos de comer.» Eles disseram-lhe: «Vamos comprar duzentos denários de pão para lhes dar de comer?» 38Mas Ele perguntou: «Quantos pães tendes? Ide ver.» Depois de se informarem, responderam: «Cinco pães e dois peixes.» 39Ordenou-lhes que os fizessem sentar por grupos na erva verde. 40E sentaram-se, por grupos de cem e cinquenta. 41*Jesus tomou, então, os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e dava-os aos seus discípulos, para que eles os repartissem. Dividiu também os dois peixes por todos. 42Comeram até ficar saciados. 43*E havia ainda doze cestos com os bocados de pão e os restos de peixe. 44*Ora os que tinham comido daqueles pães eram cinco mil homens.

Reflexão

O evangelho de hoje mostra-nos o amor, a ternura e a generosidade de Jesus. O Senhor comove-se diante da multidão que O seguiu, «porque eram como ovelhas sem pastor», e dá-lhes o pão: o pão da sua palavra («Começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas»)e o pão material que é, acima de tudo, prefiguração da sua vontade em nos alimentar com o seu corpo e o seu sangue. O verdadeiro pão é Ele. Estamos perante um novo milagre do maná (cf. Ex 16), feito por Jesus, o novo Moisés, revelador escatológico e mediador dos sinais de Deus (cf. Ex 4, 1-9), num novo êxodo: é o símbolo da Eucaristia, verdadeiro alimento do povo de Deus. É preciso comer o pão vivo descido do céu para ter a vida e entrar em comunhão íntima com Jesus. Estamos perante a revelação do pão que é eficaz para comunicar a vida que perdura para além da morte. É Jesus, pão de vida, que dá a imortalidade a que se alimenta dele, a quem na fé interioriza a Palavra e assimila a sua vida. Escutar interiormente Jesus é alimentar-se do pão celeste e saciar a fome que há em nós. Como o Pai é fonte de vida para o Filho, também o Filho é fonte de vida para quem participa na Eucaristia. Jesus recebe a vida do Pai e dá-a ao crente, não só agora, mas para sempre. Dá-lhe a vida eterna que é amor, participação no mistério pascal de Cristo, no mistério de uma carne vivificada pelo Espírito, que permite um laço profundo com Deus, tal como o que existe entre o Pai e o Filho.
A primeira leitura fala-nos da ternura e da generosidade de Jesus como manifestação do amor do Pai. Deus, que é amor, enviou o seu Filho ao mundo para que tivéssemos a vida por Ele. Contemplemos esse amor do Pai e do Filho por nós. Correspondamos a esse amor com uma vida coerente com quanto Deus fez por nós. Partilhemo-lo com os irmãos. Amemos com Ele e como Ele. Isso é viver a nossa vocação oblativa. De facto, a oblação, entendida como amor e imolação, compreendida e vivida na união à oblação de Cristo, exprime toda a nossa vida, como consagrada, no tempo e no espaço. A oblação, entendida como “presença activa” do amor de Cristo em nós (Cst. 2) torna-se o respiração da alma, o ritmo próprio do amor de Cristo, activamente presente no tempo e no decurso da nossa vida. É “um tempo para Deus no mundo” (Urs Von Balthasar), para todos os homens, para toda a criação (cf. Cst nn. 19-22). Nesta perspectiva, a nossa oblação é redentora e reparadora: alarga-se no espaço a todos os homens e a “toda a criação” (n. 22; Cf. Rom 8, 19-25). Para isto é que “Deus enviou o Seu Filho unigénito ao mundo” (1 Jo 4, 9), a fim de que “tivéssemos a vida por Ele” (1 Jo 4, 9).


* 4ª FEIRA

Primeira leitura: 1 João 4, 11-18

11*Caríssimos, se Deus nos amou assim, também nós devemos amar-nos uns aos outros. 12*A Deus nunca ninguém o viu; se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu amor chegou à perfeição em nós. 13Damos conta de que permanecemos nele, e Ele em nós, por nos ter feito participar do seu Espírito. 14*Nós o contemplámos e damos testemunho de que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. 15*Quem confessar que Jesus Cristo é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus. 16*Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele.17*É nisto que em nós o amor se mostra perfeito: se somos no mundo como Ele foi e se esperamos confiantes o dia do juízo. 18No amor não há temor; pelo contrário, o perfeito amor lança fora o temor; de facto, o temor pressupõe castigo, e quem teme não é perfeito no amor.

Evangelho: Marcos 6, 45-52

Depois de ter matado a fome a cinco mil homens, 45*Jesus obrigou logo os seus discípulos a subirem para a barca e a irem à frente, para o outro lado, rumo a Betsaida, enquanto Ele próprio despedia a multidão. 46Depois de os haver despedido, foi orar para o monte. 47*Era já noite, a barca estava no meio do mar e Ele sozinho em terra. 48*Vendo-os cansados de remar, porque o vento lhes era contrário, foi ter com eles de madrugada, andando sobre o mar; e fez menção de passar adiante. 49Mas, vendo-o andar sobre o mar, julgaram que fosse um fantasma e começaram a gritar, 50pois todos o viram e se assustaram. Mas Ele logo lhes falou: «Tranquilizai-vos, sou Eu: não temais!» 51*A seguir, subiu para a barca, para junto deles, e o vento amainou. E sentiram um enorme espanto, 52*pois ainda não tinham entendido o que se dera com os pães: tinham o coração endurecido.

Reflexão

A multiplicação dos pães, em que os Apóstolos tinham participado activamente, deixou-os humanamente satisfeitos e eufóricos. Jesus teve de fazê-los aterrar. Para isso, mandou-os para o mar… As dificuldades encontradas, ao passarem para a outra margem, obrigam-nos a abandonar as suas demasiadamente humanas e enchem-nos de terror. É então que Jesus intervém: «Tranquilizai-vos, sou Eu: não temais». Retomada a confiança, compreendem que tem que avançar com Ele, como Salvador, mais para o alto: «pois ainda não tinham entendido o que se dera com os pães, pois tinham o coração endurecido». Jesus terá que falar-lhe várias vezes da sua paixão para os fazer avançar na fé e na disponibilidade ao seu chamamento. A primeira leitura faz-nos tomar consciência do amor infinito do Pai, que é amor, que «mandou o seu Filho como Salvador do mundo», e quer viver em comunhão connosco, seus filhos muito amados. A união perfeita entre Deus e o crente realiza-se, em primeiro lugar, no contacto com a Palavra de Deus e, depois, na participação na mesa eucarística. A nossa carne, o nosso sangue misturam-se, então, com a carne e o sangue de Deus. Somos transformados. Somos divinizados. «Não somos nós que transformamos Deus em nós», afirma Santo Agostinho, «somos nós que somos transformados em Deus». A Eucaristia é o lugar privilegiado para o encontro com Cristo vivo, fonte e cume da vida da Igreja, garantia de comunhão com o Corpo de Cristo e participação na solidariedade, como expressão do mandamento de Jesus: «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 13, 34). O amor para com os irmãos é consequência e sinal do amor a Deus (cf. 1 Jo 4,12). Também este aspecto da caridade fraterna tem a sua realização plena na Eucaristia: «Participando realmente no Corpo do Senhor ao partilhar o pão eucarístico, somos elevados à comunhão com Ele e entre nós» (LG 11). Este amor torna-se em nós uma força transformadora e operativa, capaz de afastar o temor, porque quem ama não teme e quem come o corpo e o sangue de Cristo tem a vida em plenitude. A “presença activa” (Cst. 2) do amor de Cristo na nossa vida, para o Pe. Dehon, como para nós, realiza-se, sobretudo, na escuta da Palavra e na Eucaristia celebrada, comungada e adorada, que realizam a nossa união a Cristo. Essa união permite-nos receber de Cristo, «videira verdadeira» (cfr. Jo 15, 1) a seiva divina, que é o Espírito Santo, que produz em nós os seus frutos, os doze frutos que nos indica o Catecismos da Igreja e os frutos carismáticos que espera de nós, dehonianos. Pela força do Espírito, podemos ser, como Jesus e em Jesus, amor, reparação, imolação, isto é, Oblatos do Coração de Cristo, com os conteúdos atribuídos pelo Pe. Dehon a este nome original. São mistérios de amor que têm a sua origem no baptismo (água) e o seu alimento na Eucaristia (sangue). O Espírito, tal como transforma o pão e o vinho em Cristo, assim também transforma os nossos corações. “Fazei isto em memória de Mim” não se refere apenas à liturgia do rito eucarístico, mas também à liturgia da nossa vida: ser oblação (amor e imolação) para Deus e para os irmãos, como Cristo é oblação do Seu Corpo, do Seu Sangue, de todo o Seu ser por nós. Fazer da nossa vida “uma missa permanente” (Cst. 5).


* 5ª FEIRA

Primeira leitura: 1 João 4, 19- 5, 4

Caríssimos: 19*Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro. 20*Se alguém disser: «Eu amo a Deus», mas tiver ódio ao seu irmão, esse é um mentiroso; pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. 21*E nós recebemos dele este mandamento: quem ama a Deus, ame também o seu irmão. 1*Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo nasceu de Deus; e todo aquele que ama a Deus Pai ama também aquele que nasceu de Deus. 2É por isto que reconhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e cumprimos os seus mandamentos; 3*pois o amor de Deus consiste precisamente em que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são uma carga, 4*porque todo aquele que nasceu de Deus vence o mundo. E este é o poder vitorioso que venceu o mundo: a nossa fé. Neste texto entrelaçam-se dois temas: o amor cristão (vv. 19-21) e a fé em Jesus, componentes de um único mandamento (vv. 1-4; 3, 21). O amor e o ódio são inconciliáveis.

Evangelho: Lucas 4, 14-22a

Naquele tempo: 14Impelido pelo Espírito, Jesus voltou para a Galileia e a sua fama propagou-se por toda a região. 15Ensinava nas sinagogas e todos o elogiavam. 16*Veio a Nazaré, onde tinha sido educado. Segundo o seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler. 17Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías e, desenrolando-o, deparou com a passagem em que está escrito: 18*«O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, 19a proclamar um ano favorável da parte do Senhor.» 20Depois, enrolou o livro, entregou-o ao responsável e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21*Começou, então, a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir.» 22Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam com as palavras repletas de graça que saíam da sua boca.

Reflexão

«Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir.» A liturgia faz-nos tomar consciência da situação privilegiada em que nos encontramos, em relação aos habitantes de Nazaré. Verdadeiramente, o mistério de Cristo cumpriu-se. Quando Jesus pronunciou o seu discurso em Nazaré, a transformação do homem estava apenas a começar. Depois veio a morte e a ressurreição do Senhor pelas quais se cumpriu toda a Escritura. E nós vivemos o tempo da plenitude, ainda que não vejamos Jesus com os olhos da carne. João continua a insistir na união entre o amor a Deus e o amor aos irmãos. Todo o evangelho é anúncio do amor de Deus tornado visível na pessoa do Verbo Encarnado, Jesus de Nazaré. Amar a Deus é colocar-se na sua perspectiva. Ele ama todo o ser criado e não hesita em entregar o próprio Filho unigénito para a salvação de todos os homens. Viver para os outros, dar-se, sacrificar-se pelo seu bem é viver como Deus, é actuar o que Jesus quer que façamos. Esta fé anima a nossa caridade cristã, mas também se torna uma enorme força de luta contra o pecado que é a exploração, a intolerância, a injustiça, a violência e o egoísmo. Mas o mal belo testemunho do amor a Deus e aos irmãos é manifestar, não só com palavras, mas também com obras, que estamos no coração de Deus. Ao encarnar, o Verbo, fez-Se de tal modo solidário com os homens que esvazia ”a Si mesmo” (Fil 2, 7) da glória que possuía na preexistência junto do Pai (cf. Jo 17, 5). Preferiu recebê-la do Pai, como exaltação pelo seu sacrifício (cf. Fil 2, 9), por meio da Ressurreição: “Servo” (Fil 2, 7) torna-Se “Senhor” (Fil 2, 11). Quanto a S. João, a relação “solidariedade” - revelação é o princípio chave de interpretação do seu Evangelho, a começar pelo Prólogo que nos apresenta “o Verbo feito carne” (1, 14), de Quem “vemos a... glória”, isto é, o amor nas palavras e nas obras, na morte e na ressurreição. No amor de Cristo, experimentamos o amor do Pai (cf. Jo 1, 18; 1Jo 4, 9-10). Em Cristo “conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem” (1Jo 4, 16). Esta experiência e esta fé leva-nos a amar com e como Cristo: em união com Ele e à maneira d´Ele.


* 6ª FEIRA

Primeira leitura: 1 João 5, 5-13

Caríssimos: 5*E quem é que vence o mundo senão aquele que crê que Jesus é Filho de Deus? 6*Este, Jesus Cristo, é aquele que veio com água e com sangue; e não só com a água, mas com a água e com o sangue. E é o Espírito quem dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. 7Pois são três os que dão testemunho: 8o Espírito, a água e o sangue; e os três coincidem no mesmo testemunho. 9*Se aceitamos o testemunho dos homens, maior é o testemunho de Deus; e o testemunho de Deus está em que foi Ele a dar testemunho a respeito do seu Filho. 10*Quem crê no Filho de Deus tem esse testemunho consigo. Quem não crê em Deus faz de Deus mentiroso, uma vez que não crê no testemunho que Deus deixou a favor do seu Filho. 11*E este é o testemunho: Deus deu-nos a vida eterna, e esta vida está no seu Filho. 12*Quem tem o Filho de Deus tem a vida; quem não tem o Filho também não tem a vida. 13*Escrevi-vos estas coisas, a vós que credes no nome do Filho de Deus, para que tenhais a certeza de ter convosco a vida eterna.

Evangelho: Lucas 5, 12-16

Naquele tempo: 12*Estando Jesus numa das cidades, apareceu um homem coberto de lepra. Ao ver Jesus, caiu com a face por terra e dirigiu-lhe esta súplica: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me.» 13Jesus estendeu a mão e tocou-lhe, dizendo: «Quero, fica purificado.» E imediatamente a lepra o deixou. 14*Ordenou-lhe, então, que a ninguém o dissesse, mas acrescentou: «Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés ordenou, para lhe servir de prova.» 15A sua fama espalhava-se cada vez mais, juntando-se grandes multidões para o ouvirem e para que os curasse dos seus males. 16*Mas Ele retirava-se para lugares solitários e aí se entregava à oração.

Reflexão

Jesus é, não só mestre, mas também modelo de oração. S. Lucas é o evangelista que mais se compraz em apresentar Jesus em oração, especialmente sobre os montes e em lugares solitários: “Jesus... foi conduzido pelo Espírito ao deserto” (Lc 4, 1; cf. Mt 4, 1; Mc 1, 12); “Jesus retirava-se para lugares solitários a fim de rezar” (Lc 5, 16; cf. 9, 18; 11, 1; 22, 40-46); “Jesus subiu ao monte para rezar e passou toda a noite em oração” (Lc 6, 12; cf. 9, 28; Mc 6, 46; Jo 6, 15). S. Lucas recorda também duas orações de Jesus na cruz sobre o Calvário: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (23, 34) e “Pai, nas tuas mãos entrego o Meu espírito” (23, 46). É evidente a predilecção de Jesus pelo silêncio e pela solidão, a fim de mergulhar na contemplação. A oração é o lugar do Seu repouso, do Seu encontro com o Pai. Pensemos numa oração muito simples, feita de amoroso silêncio, com uma única invocação: “Abbá, Pai”. Rezar não é tentar obter de Deus o que nos agrada, o que julgamos importante para os nossos próprios projectos. Rezar leva-nos a entrar na perspectiva de Deus, partindo do seu amor. É contemplar o rosto do Pai que ternamente olha os seus filhos. É encontro com alguém que nos ama, e deixar-nos apanhar pelo Seu amor. Não é fácil rezar. Exige aprendizagem, trabalho exigente, não porque é superior às nossas forças, mas porque é uma experiência que jamais se esgota, um caminho onde sempre permanecemos discípulos. A oração não é tanto um exercício de amar a Deus, mas de se deixar amar por Ele. É acolhimento do Seu amor, da Sua palavra, dos Seus projectos, dos Seus desejos. É experimentar silenciosamente e serenamente a Sua presença, como Maria a experimentava no seu seio. Mas a oração é também resposta ao dom que Deus nos faz de si mesmo e de todas as suas graças e bênçãos. A oração é louvor, acção de graças, oferta, intercessão, festa e liturgia da vida. Levar a vida à oração. Levar a oração à vida. O coração da oração cristã é entrar no mistério da filiação divina: estar em Deus no Espírito pelo Filho, como o Filho está no mistério do Pai. Os números 71 e 76 das nossas Constituições falam da oração pessoal de intimidade e de continuidade, para passar da contemplação à acção, do amor de Deus ao amor do próximo; todavia, para a cultivar e viver, é preciso amor ao silêncio e à solidão (não ao isolamento), que favorecem também uma fiel e fervorosa oração comunitária, porque, se “sem espírito de oração, esmorece a oração pessoal; sem a oração comunitária, definha a comunidade de fé” (Cst. 79). Recordemos outras duas afirmações das nossas Constituições acerca da oração, não só pessoal, mas também comunitária: “Reconhecemos que da oração assídua dependem a fidelidade de cada um e das nossas comunidades, bem como a fecundidade do nosso apostolado.” (Cst. 76); “Fazendo-nos progredir no conhecimento de Jesus, a oração estreita os laços da nossa vida comum e abre-a constantemente à sua missão” (Cst 78).


* SÁBADO

Primeira leitura: 1 João 5, 14-21

Caríssimo:14*Esta é a plena confiança que nele temos: se lhe pedimos alguma coisa segundo a sua vontade, Ele ouve-nos. 15E, dado que sabemos que nos vai ouvir em tudo o que lhe pedirmos, estamos seguros de que obteremos o que lhe pedimos. 16*Se alguém vir que o seu irmão comete um pecado que não leva à morte, peça, e dar-lhe-á vida. Não me refiro aos que cometem um pecado que não leva à morte; é que existe um pecado que conduz à morte; por esse pecado não digo que se reze. 17Toda a iniquidade é pecado, mas há pecados que não conduzem à morte. 18*Nós bem sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca, mas o Filho de Deus o guarda, e o Maligno não o apanha. 19E bem sabemos que somos de Deus, ao passo que o mundo inteiro está sob o poder do Maligno. 20*Bem sabemos também que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para conhecermos o Verdadeiro; e nós estamos no Verdadeiro, no seu Filho, Jesus Cristo. Este é o Verdadeiro, é Deus e é vida eterna. 21*Meus filhinhos, guardai-vos dos ídolos.

Evangelho: João 3, 22-30

22*Naquele tempo, Jesus foi com os seus discípulos para a região da Judeia e ali convivia com eles e baptizava. 23Também João estava a baptizar em Enon, perto de Salim, porque havia ali águas abundantes e vinha gente para ser baptizada. 24João, de facto, ainda não tinha sido lançado na prisão. 25Então levantou-se uma discussão entre os discípulos de João e um judeu, acerca dos ritos de purificação. 26Foram ter com João e disseram-lhe: «Rabi, aquele que estava contigo na margem de além-Jordão, aquele de quem deste testemunho, está a baptizar, e toda a gente vai ter com Ele.» 27*João declarou: «Um homem não pode tomar nada como próprio, se isso não lhe for dado do Céu. 28*Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: ‘Eu não sou o Messias, mas apenas o enviado à sua frente.’ 29*O esposo é aquele a quem pertence a esposa; mas o amigo do esposo, que está ao seu lado e o escuta, sente muita alegria com a voz do esposo. Pois esta é a minha alegria! E tornou-se completa! 30*Ele é que deve crescer, e eu diminuir.»

Reflexão

É admirável verificar como João Baptista manifesta alegria numa circunstância em que nós, geralmente, manifestamos tristeza. Jesus estava a ter mais sucesso do que João. Os discípulos do Baptista andam preocupados e manifestam essa preocupação: «Rabi, aquele que estava contigo na margem de além-Jordão, aquele de quem deste testemunho, está a baptizar, e toda a gente vai ter com Ele.» (v. 26). A carreira de João está a chegar ao fim. E ele reconhece que é essa a sua vocação: «Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: ‘Eu não sou o Messias, mas apenas o enviado à sua frente. O esposo é aquele a quem pertence a esposa; mas o amigo do esposo, que está ao seu lado e o escuta, sente muita alegria com a voz do esposo. Pois esta é a minha alegria! E tornou-se completa! Ele é que deve crescer, e eu diminuir.»(v. 28-30). Estas palavras enchem-nos de admiração, certamente. Mas é preciso irmos mais além. Na relação uns com os outros: quantas invejas! Quantos ciúmes! Na relação, particularmente, com Cristo: somos mensageiros, precursores, servos do Senhor! E nada mais! Não é em nós, ou nos nossos interesses, que aqueles que evangelizamos se devem fixar. É em Cristo. O apóstolo há-de ser transparente como o vidro para que, olhando-o, os fiéis vejam mais além, vejam o Senhor. Quantas vezes, na nossa vida de apóstolos acontecem coisas que nos contrariam. Não bastam aguentar, sofrer! É preciso acolher com alegria! São essas coisas que nos tornam semelhantes a Jesus. As próprias doenças, as humilhações, são chamamentos de Jesus. Há que reconhecê-los como manifestação da sua vontade. Não quer que soframos, certamente! Mas quer que soframos como Ele! Então a nossa alegria será plena! Se todo sofrimento tem uma sua misteriosa fecundidade apostólica, com maior razão a tem a«cruz do apóstolo», os inúmeros sofrimentos que acompanham toda a acção apostólica e que, por vezes, são coroados com a morte, com o martírio. Que centrou a sua vida e a sua acção na união à oblação de Cristo, até à imolação, aceita todos os sofrimentos como graça. A morte é a sua suprema graça, pois nela se realização a oblação total, a imolação. Nessas circunstâncias realiza-se para o apóstolo,como para Cristo, a parábola do “grão de trigo caído na terra: se... não morrer, permanece só; se, pelo contrário, morrer, produz muito fruto” (Jo 12, 24). É mesmo a morte que revela a autenticidade profunda da vida, para além dos sucessos e dos insucessos; revela como vivemos e para quem vivemos: para Cristo e como Cristo, sacerdote e vítima, mais ainda, sacerdote porque vítima.
 
Ricardo Igreja

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