segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

3º DOMINGO ADVENTO

* 3º DOMINGO


«Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho»


LEITURA I – Is 35,1-6a.10

Alegrem-se o deserto e o descampado, rejubile e floresça a terra árida, cubra-se de flores como o narciso, exulte com brados de alegria. Ser-lhe-á dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e do Sáron. Verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus. Fortalecei as mãos fatigadas e robustecei os joelhos vacilantes. Dizei aos corações perturbados: «Tende coragem, não temais: Aí está o vosso Deus, vem para fazer justiça e dar a recompensa. Ele próprio vem salvar-nos». Então se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos. Então o coxo saltará como um veado e a língua do mudo cantará de alegria. Voltarão os que o Senhor libertar, hão-de chegar a Sião com brados de alegria, com eterna felicidade a iluminar-lhes o rosto. Reinarão o prazer e o contentamento e acabarão a dor e os gemidos.

LEITURA – Tg 5,7-10

Irmãos: Esperai com paciência a vinda do Senhor. Vede como o agricultor espera pacientemente o precioso fruto da terra, aguardando a chuva temporã e a tardia. Sede pacientes, vós também, e fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima. Não vos queixeis uns dos outros, a fim de não serdes julgados. Eis que o Juiz está à porta. Irmãos, tomai como modelos de sofrimento e de paciência os profetas, que falaram em nome do Senhor.

EVANGELHO – Mt 11,2-11

Naquele tempo, João Baptista ouviu falar, na prisão, das obras de Cristo e mandou-Lhe dizer pelos discípulos: «És Tu Aquele que há-de vir ou devemos esperar outro?» Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». Quando os mensageiros partiram, Jesus começou a falar de João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele».

REFLEXÃO

O nosso texto divide-se em duas partes… Na primeira, Jesus responde à pergunta de João e dá a entender que Ele é o Messias (vers. 2-6); na segunda, temos a apreciação que o próprio Jesus faz da figura e da acção profética de João (vers. 7-11).
Jesus tem consciência de ser o Messias? A resposta é obviamente positiva; para dála, Jesus recorre a um conjunto de citações de Isaías que definem, na perspectiva dos profetas, a acção do Messias enviado de Deus: dar vida aos mortos (cf. Is 26,19), curar os surdos (cf. Is 29,18), dar vista aos cegos, dar liberdade de movimentos aos coxos (cf. Is 35,5-6), anunciar a Boa Nova aos pobres (cf. Is 61,1). Ora, se Jesus realizou estas obras (cf. Mt 8-9), é porque Ele é o Messias, enviado por Deus para libertar os homens e para lhes trazer o “Reino”. A sua mensagem e os seus gestos contêm uma proposta libertadora que Deus faz aos homens.
Na segunda parte, temos a declaração de Jesus sobre o Baptista. Mateus utiliza um recurso retórico muito conhecido: uma série de perguntas que convidam os ouvintes a dar uma resposta concreta. A resposta às duas primeiras questões é, evidentemente, negativa: João não é um pregador oportunista cuja mensagem segue as modas, nem um elegante convencido que vive no luxo. A resposta à terceira é positiva: João é um profeta e mais do que um profeta. A declaração, que começa com uma referência à Escritura (cf. Ex 23,20; Mal 3,1) pretende clarificar qual a relação entre ambos e o lugar de João no “Reino”: João é o percursor do Messias; é “Elias”, aquele que tinha de vir antes, a fim de preparar o caminho para o Messias (cf. Mal 3,23-24)… No entanto, aqueles que entraram no “Reino” através do seguimento de Jesus são mais do que Ele.


* 2ª FEIRA

Primeira leitura: Números 24, 2-7.15-17a

Naqueles dias: 2 o profeta Balaão levantou os olhos e viu Israel acampado por tribos. Desceu sobre ele o Espírito de Deus 3e ele proferiu o seu oráculo, dizendo: «Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem de olhar penetrante; 4*oráculo do que escuta as palavras de Deus, que tem a visão do Omnipotente, que se prostram de olhos abertos. 5Como são belas as tuas tendas, Jacob, As tuas moradas, ó Israel! 6Estendemse como os vales como jardins junto de um rio! O SENHOR planou-as como árvores de aloés, como cedros junto das águas! 7*A água escorre de seus reservatórios e suas sementeiras têm água abundante. O seu rei é mais forte que Agag, e exalta o seu reino! 15E Balaão pronunciou o seu oráculo, dizendo: «Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem de olha penetrante. 16Oráculo daquele que escuta as palavras de Deus, e conhece a sabedoria do Altíssimo, que tem a visão do Omnipotente, que se prostra, mas de olhos abertos. 17*Eu vejo, mas não para já; contemplo-o, mas ainda não próximo: Uma estrela surge de Jacob e um cepto se ergue de Israel.

Evangelho: Mateus 21, 23-27

Naquele tempo, 23*Jesus foi ao templo e, enquanto ensinava, aproximaram-se d`Ele os sumos-sacerdotes e os anciãos do povo e disseram-lhe: «Com que autoridade fazes isto? E quem te deu tal poder?» 24Jesus respondeu-lhes: «Também Eu vou fazer-vos uma pergunta. Se me responderdes, digo-vos com que autoridade faço isto. 25De onde provinha o Baptismo de João? Do Céu ou dos homens?» Mas eles começaram a pensar entre si: «Se respondermos: ‘Do Céu’, vai dizer-nos: ‘Por que não lhe destes crédito?’ 26E, se respondermos: ‘Dos homens’, ficamos com receio da multidão, pois todos têm João por um profeta.» 27E responderam a Jesus: «Não sabe-mos.» Disse-lhes Ele, por seu turno: «Também Eu vos não digo com que autoridade faço isto.»

REFLEXÃO

Mateus mostra a contestação dos adversários de Jesus ao seu julgamento sobre o templo e à expulsão dos vendilhões: «Com que autoridade fazes isto? E quem te deu tal poder?» (v. 23). Jesus responde com outra pergunta: «De onde provinha o Baptismo de João? Do Céu ou dos homens?» (v. 25). Baptizar tinha sido a acção mais vistosa de João. Jesus quer obrigá-los a tomar posição diante desse facto. Assim os obriga a reflectir sobre a sua atitude em relação a Deus. Não se trata, pois, de uma qualquer estratégia de Jesus para afastar atenções ou evitar uma resposta embaraçosa. É, pelo contrário, um forte convite à conversão: há que tomar posição perante a pregação do Baptista, que apelava exactamente à conversão.
A pregação de João punha os chefes religiosos numa posição semelhante àquela em que Jesus os queria pôr. A recusa em responder manifesta a sua má vontade, o seu calculismo, a sua política de conveniências, recusando o dever da conversão. Nesta situação, Deus pode fazer descer o silêncio sobre o incrédulo, como sugere a afirmação final de Jesus: «Também Eu vos não digo com que autoridade faço isto» (v. 27).


* 3ª FEIRA

Primeira leitura: Sofonias 3, 1-2. 9-13

Eis o que diz o Senhor:1 Ai da cidade rebelde, manchada e opressora! 2*Ela não ouviu o apelo, nem aceitou o aviso; não confiou no SENHOR, nem se aproximou do seu Deus. 9*Então, darei aos povos lábios puros, para que todos possam invocar o nome do SENHOR e servi-lo de comum acordo.10 Da outra banda dos rios da Etiópia, os meus adoradores dispersos virão trazer-me ofertas.11*Naquele dia, não te envergonharás dos pecados que cometeste contra mim, porque exterminarei do meio de ti os orgulhosos e os arrogantes; e cessarás de te orgulhar na minha montanha santa.12 Deixarei subsistir no meio de ti um povo pobre e humilde; eles procurarão refúgio no nome do SENHOR. 13 O resto de Israel não cometerá mais a iniquidade nem proferirá mentiras; não se achará mais na sua boca uma língua enganadora. Eles apascentarão e repousarão sem que ninguém os inquiete.

Evangelho: Mateus 21, 28-32

Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo: 28«Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse-lhe: ‘Filho, vai hoje trabalha na vinha.’ 29Mas ele respondeu: ‘Não quero’ Mais tarde, porém, arrependeu-se e foi. 30Dirigindo-se ao segundo, falou-lhe do mesmo modo e ele respondeu: ‘Vou sim, senhor.’ Mas não foi. 31Qual dos dois fez a vontade ao pai?» Responderam eles: «O primeiro» Jesus disse-lhes: «Em verdade vos digo: Os cobradores de impostos e as meretrizes vão preceder-vos no Reino de Deus. 32*João veio até vós, ensinando-vos o caminho da justiça, e não acreditastes nele; mas os cobradores de impostos e as meretrizes acreditaram nele. E vós, nem depois de verdes isto, vos arrependestes para acreditar nele.»

REFLEXÃO

Os chefes do povo, como já ficou demonstrado (cf. Mt 21, 23-27), não têm qualquer intenção de escutar a Jesus. Por isso, o mesmo Jesus lhes desmascara a incoerência e os provoca, afirmando que os publicanos e as prostitutas os hão-de preceder no Reino de Deus. Fá-lo com a parábola dos dois filhos, que se compreende no quadro vétero-testamentário da necessidade da «justiça», isto é, de uma fé que leva à realização da vontade de Deus na vida do dia a dia.
Jesus não exalta os pecadores, nem despreza os devotos, como poderia parecer, à primeira vista. Mas anuncia a extraordinária proximidade de Deus em relação aos pecadores a quem oferece a possibilidade de mudarem de vida. Mas também denuncia a incoerência de tantos crentes, representados no primeiro filho, obediente apenas nas palavras. O contraste entre publicanos e prostitutas e os homens da religião (vv. 31-32) não é tanto uma condenação dos segundos, quanto um derradeiro convite à sua conversão.


* 4ª FEIRA

Primeira leitura: Isaías 45, 6b-8.18.21b-25

6 Eu é que sou o Senhor. Não há outro. 7Fomo a luz e crio as trevas, dou a felicidade e mando a infelicidade. Eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas. 8Destilai, ó céus, lá das alturas o orvalho, e que as nuvens façam chover a justiça. Abrase a terra para que floresça a salvação, e germine igualmente a justiça. Eu sou o Senhor, que criou tudo isto.» 18Eis o que diz o Senhor, criador dos céus, o Deus que formou a terra e a consolidou, que não a criou em caos, mas pronta para ser habitada: «Eu é que sou o Senhor e não há outro.» 21 Quem anunciou estas coisas há muito tempo? Quem o revelou desdeentão? Não fui Eu, o Senhor? Não há outro Deus além de mim. Eu sou um Deus justo e salvador, e não há nenhum outro. 22Voltai-vos para mim e sereis salvos, vós que habitais nos confins da terra, porque Eu sou Deus e não há nenhum outro. 23Juro por mim mesmo, e o que digo é verdadeiro, é uma palavra irrevogável: «Todo o joelho se dobrará diante de mim toda a língua jurará por mim.» 24Dirão: «Só no Senhor residem a justiça e a força.» A Ele hão-de acorrer envergonhados todos os que contra Ele se tinham levantado. 25No Senhor triunfará e se gloriará toda a descendência de Israel.

Evangelho: Lucas 7, 19-23

Naquele tempo, 19João Baptista chamou dois dos seus discípulos e mandou-os ao Senhor com esta mensagem: «És Tu o que está para vir, ou devemos esperar outro?» 20Ao chegarem junto dele, os homens disseram: «João Baptista mandou-nos ter contigo para te perguntar: ‘És Tu o que está para vir, ou devemos esperar outro?’» 21Nessa altura, Jesus curava a muitos das suas doenças, padecimentos e espíritos malignos e concedia visa a muitos cegos. 22Tomando a palavra, disse aos enviados: «Ide contar a João o que vises e ouvistes: Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem os mortos ressuscitam a Boa-Nova é anunciada aos pobres; 23e feliz de quem não tiver em mim ocasião de queda»

REFLEXÃO

João Baptista é um crente em Deus, que vive para Ele, sempre aberto disponível às suas iniciativas. Por isso, sabe reconhecê-lo no misterioso homem da Galileia, que vem fazer-se baptizar por ele, no Jordão, Jesus de Nazaré.
Mas, na escuridão da prisão de Herodes, é invadido pelo medo, pela tristeza, pela dúvida: ter-me-ei enganado ao ver em Jesus o Cordeiro de Deus? Mas a sua fé é grande. Em vez de a pôr em discussão, manda embaixadores a João, pedindo luz para compreender. Torna-se, pois, ainda mais pobre, fazendo-se simples interrogação: «És Tu o que está para vir, ou devemos esperar outro?» (v. 19).
Jesus responde aos embaixadores apontando as obras que anda a fazer (v. 21). Não apenas os milagres que dão testemunho dele, mas o que eles significam. São sinais de que começou uma nova humanidade, que sabe acolher a palavra de Deus, ver as maravilhas que Ele faz e caminhar pelos seus caminhos: «a Boa-Nova é anunciada aos pobres» (v. 22c).
O estilo paradoxal da acção de Deus em Jesus não escandalizará um pobre prisioneiro, como é João. Pelo contrário, torná-lo-á muito «feliz» (v. 23).


* 5ª FEIRA

Primeira leitura: Isaías 54, 1-10

1*Exulta de alegria estéril, tu que não tinhas filhos, entoa cânticos de júbilo, tu que não davas à luz, porque os filhos da desamparada são mais numerosos do que os da mulher casada. É o Senhor quem o diz. 2Alarga o espaço da tua tenda, estende sem medo as lonas que te abrigam, e estica as tuas cordas, fixa bem as tuas estacas3porque vais aumentar por todos os lados. Os teus descendentes possuirão as nações, e povoarão cidades desertas. 4Nãoenhas medo, porque não voltarás a ser humilhada .Não te envergonhes, porque não voltarás a ser desonrada. Esquecer-te-ás da vergonha do teu estado de solteira, e não te lembrarás do opróbrio da tua viuvez. 5Com efeito, o teu criador é que é o teu esposo, o seu nome é Senhor do universo. O teu redentor é o Santo de Israel, chama-se Deus de toda a terra.6O Senhor chamou-te novamente como a uma mulher abandonada e angustiada. Na verdade, como se pode repudiar a esposa da juventude? É o teu Deus quem o diz. 7Por um curo momento Eu te abandonei, mas, com grande amor, volto a unir-me consigo 8Num acesso de ira, e por um instante, escondi de ti a minha face, mas Eu tenho por ti um amor eterno. É o Senhor teu redentor quem o diz. 9*Vou agir como no tempo de Noé: jurei que nunca mais o dilúvio se abateria sobre a terra. Do mesmo modo, juro nunca mais me irritar contra ti, nem te ameaçar. 10Ainda que os montes sejam abalados e tremam as colinas, o meu amor por ti nunca mais será abalado, e a minha aliança de paz nunca mais vacilará. Quem o diz é o Senhor, que tanto te ama.

Evangelho: Lucas 7, 24-30

24*Depois de os mensageiros de João Baptista se terem retirado, Jesus começou a dizer à multidão acerca dele: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? 25Que fostes ver, então? Um homem vestido com roupas finas? Os que usam trajes sumptuosos vivem regaladamente e estão nos palácios dos reis 26*Que fostes ver e não? Um poeta? Sim Eu vo-lo digo, e mais do que um profeta27É aquele de quem está escrito: ‘Vou mandar à tua frente o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de ti.’ 28*Digo-vos Entre os nascidos de mulher não há poeta maior do que João; mas, o mais pequeno do Reino de Deus é maior do que ele.» 29E todo o povo que o escutou, bem como os cobradores de impostos, reconheceram a justiça de Deus, recebendo o baptismo de João. 30*Mas, não se deixando baptizar por ele, os fariseus e os doutores da Lei anularam os desígnios de Deus a seu respeito.

REFLEXÃO

Jesus, depois de despedir os embaixadores, faz perguntas sobre João Baptista que visam recolher o consenso dos ouvintes. Quer levá-los a reconhecer em João, não um simples profeta, mas aquele que abriu caminho a Cristo. João é o verdadeiro profeta que busca a Deus no deserto, na penitência, com fé firme, que não aceita compromissos com o mundo, que não quer dar nas vistas (vv. 24-25). Mas esta interpretação da figura de João não atinge o significado mais profundo da sua missão. Por isso, Jesus aponta-o como o mensageiro de que falou Malaquias (Ml 3, 1), o precursor do Messias, aquele que aponta uma etapa radicalmente nova da história da salvação, quando pede o reconhecimento da necessidade de conversão.
O elogio de João torna-se uma reprimenda para quem se julga justo e não precisar de conversão. As palavras finais do evangelista são muito severas: «não se deixando baptizar por ele, os fariseus e os doutores da Lei anularam os desígnios de Deus a seu respeito» (v. 30).

Ricardo Igreja



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