quarta-feira, 9 de junho de 2010

I DOMINGO TEMPO COMUM

* I DOMINGO


* ENCONTRA-SE  EM  SOLENIDADE


* 2ª FEIRA

Primeira leitura: 1 Samuel 1, 1-8

1*Havia em Ramataim um homem de Suf, nas montanhas de Efraim, chamado Elcana, filho de Jeroam e neto de Eliú, da família de Toú e do clã de Suf, de Efraim. 2*Tinha duas mulheres, uma chamada Ana e outra Penina. Esta tinha filhos; Ana, porém, não tinha nenhum. 3*Todos os anos, este homem subia da sua cidade a Silo, para adorar o SENHOR do universo e oferecer-lhe um sacrifício. Aí se encontravam os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, sacerdotes do SENHOR. 4Cada vez que Elcana oferecia um sacrifício, dava a porção correspondente à sua mulher Penina, bem como aos seus filhos e filhas. 5*Mas dava uma porção dupla a Ana, porque a amava mais, embora o SENHOR a tivesse tornado estéril. 6Além disso, a sua rival afligia-a duramente, humilhando-a, por o SENHOR a ter feito estéril. 7*Isto repetia-se todos os anos, quando Ana subia ao templo do SENHOR; Penina zombava dela. Ana chorava e não comia. 8Seu marido dizia-lhe: «Ana, por que choras? Por que não comes? Por que estás triste? Não valho para ti tanto como dez filhos?»

Evangelho: Mc 1, 14-20

14Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia, e proclamava o Evangelho de Deus, 15*dizendo: «Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho.» 16*Passando ao longo do mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. 17E disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens.» 18Deixando logo as redes, seguiram-no. 19Um pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco a consertar as redes, e logo os chamou. 20E eles deixaram no barco seu pai Zebedeu com os assalariados, e partiram com Ele.

Reflexão:

«Acreditai no Evangelho». Estas palavras mostram que Jesus exige ao discípulo uma atitude nova e radical. Vão na mesma linha as duas cenas de vocação. Os discípulos são chamados a um novo êxodo, a um caminho inaudito do evangelho: «Vinde comigo»; «Deixando logo as redes, seguiram-no». Todo este dinamismo parte do olhar e do chamamento de Jesus. Não parte de uma iniciativa voluntarista, moralista ou generosa do homem. Não é o homem que parte ao encontro de Deus. É Deus que vem ao encontro do homem. A Encarnação torna-se possível o seguimento, o caminhar com Jesus, o Filho de Deus feito homem. O seguimento de Jesus implica «deixar» algumas pessoas, algumas coisas, alguns projectos pessoais, o que sempre requer algum sacrifício. Mas é possível, porque o olhar de Jesus precede a tomada dessas decisões. Jesus que passa, vê e chama é a estrutura que possibilita abandonar tudo e segui-l´O. Jesus vem ao nosso encontro para mudar o nosso destino.


* 3ª FEIRA

Primeira leitura: 1 Samuel 1, 9-20

Naqueles dias, Ana levantou-se, depois de ter comido e bebido em Silo. O sacerdote Eli estava instalado no seu assento, à entrada do templo do SENHOR. 10Ana, profundamente amargurada, orou ao SENHOR e chorou copiosas lágrimas. 11*E fez um voto, dizendo: «SENHOR do universo, se te dignares olhar para a aflição da tua serva e te lembrares de mim. Se não te esqueceres da tua serva e lhe deres um filho varão, eu o consagrarei ao SENHOR, por todos os dias da sua vida, e a navalha não passará sobre a sua cabeça.» 12Ela repetiu muitas vezes a sua oração diante do SENHOR; Eli observava o movimento dos seus lábios. 13*Ana, porém, falava só para si e apenas movia os lábios, sem se lhe ouvir palavra alguma. 14Eli, julgando-a ébria, disse-lhe: «Até quando durará a tua embriaguez? Vai-te embora e deixa passar o efeito do vinho de que estás cheia.» 15Ana respondeu: «Não é assim, meu senhor; a verdade é que sou uma mulher de espírito atribulado; não bebi vinho nem álcool; apenas estava a desabafar as minhas mágoas na presença do SENHOR. 16*Não tomes a tua serva por alguma das filhas de Belial, porque só a grandeza da minha dor e da minha aflição é que me fez falar até agora.» 17Eli respondeu: «Vai em paz e o Deus de Israel te conceda o que lhe pedes.» 18*Ana respondeu: «Que a tua serva mereça o teu favor.» A mulher foi-se embora, comeu e nunca mais houve tristeza em seu rosto. 19No dia seguinte pela manhã, prostraram-se diante do SENHOR e voltaram para sua casa, em Ramá. Elcana conheceu Ana, sua mulher, e o SENHOR lembrou-se dela. 20*Ana concebeu e, passado o seu tempo, deu à luz um filho, ao qual pôs o nome de Samuel, porque dizia: «eu o pedi ao SENHOR.»

Evangelho: Mc 1, 21-28

21*Entraram em Cafarnaúm. Chegado o sábado, veio à sinagoga e começou a ensinar. 22*E maravilhavam-se com o seu ensinamento, pois os ensinava como quem tem autoridade e não como os doutores da Lei. 23*Na sinagoga deles encontrava-se um homem com um espírito maligno, que começou a gritar: 24«Que tens a ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos arruinar? Sei quem Tu és: o Santo de Deus.» 25E Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem.» 26Então, o espírito maligno, depois de o sacudir com força, saiu dele dando um grande grito. 27Tão assombrados ficaram que perguntavam uns aos outros: «Que é isto? Eis um novo ensinamento, e feito com tal autoridade que até manda aos espíritos malignos e eles obedecem-lhe!» 28E a sua fama logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia.

Reflexão:

O povo dava-se conta de que Jesus não se limitava a explicar os profetas anteriores, mas que se apresentava, também ele, como profeta, investido de um poder que lhe vinha de Deus.: ensinava com autoridade e curava os doentes. O ensino de Jesus era verdadeiramente eficaz.
Marcos gosta de apresentar Jesus como Mestre: desde o começo do seu evangelho, Jesus é Aquele que ensina. Depois vêm os encontros com o «espírito maligno» (v. 23). Qual é a postura de Jesus diante da crença popular nos demónios? Sabemos quanto horror causavam no homem primitivo as doenças mentais, e sobretudo a epilepsia. O comportamento desses doentes dava a entender que estavam «possessos», que tinha entrado neles outra pessoa, o «espírito maligno». Por isso, o doente mental ou epiléptico, era um ser execrável, que era preciso afastar a golpes e com torturas de toda a espécie.
É claro que o núcleo, deste e doutros relatos semelhantes, não é a existência ou a inexistência dos espíritos malignos, mas o comportamento de Jesus diante dessas situações, tais como eram vistas e interpretadas pelos seus contemporâneos: nos Evangelhos, tal como nos Actos do Apóstolos, os demónios são afastados pelo poder de Deus e não por meios mágicos, ou seja com exorcismos dirigidos a um espírito ou pelo recurso a meios materiais. Jesus tem o poder do Reino de Deus e usa-o desde o princípio para evangelizar e para libertar o homem a todos os níveis, também corporal, e de tudo quanto o «possui» e oprime, sem a preocupação de o interpretar, coisa aliás difícil, uma vez que, pela Encarnação, era verdadeiro homem, contextualizado no seu tempo e na sua cultura.
Para Marcos, Jesus é o santo de Deus, cujas palavras têm poder divino e, por isso, renovam, transformam e refazem o homem em todas as suas dimensões.


*  4ª FEIRA

Primeira leitura: 1 Samuel 4, 1-11

1A palavra de Samuel foi dirigida a todo o Israel. Israel saiu ao encontro dos filisteus para lhes dar combate. Acamparam junto de Ében-Ézer e os filisteus acamparam em Afec. 2Os filisteus puseram-se em linha de combate frente a Israel, e começou a batalha. Israel foi vencido pelos filisteus, que mataram em combate cerca de quatro mil homens. 3O povo voltou ao acampamento e os anciãos de Israel disseram: «Porque é que o Senhor nos derrotou hoje diante dos filisteus? Vamos a Silo e tomemos a Arca da aliança do Senhor, para que Ele esteja no meio de nós e nos livre da mão dos nossos inimigos.» 4O povo mandou, pois, buscar a Silo a Arca da aliança do Senhor do universo, que se senta sobre querubins. Os dois filhos de Eli, Ofni e Fineias, acompanhavam a arca. 5Quando a Arca da aliança do Senhor chegou ao acampamento, todo o Israel lançou um grande clamor, que fez a terra tremer. 6Os filisteus, ouvindo-o, disseram: «Que significa este grande clamor no acampamento dos hebreus?» Souberam que a Arca do Senhor havia chegado ao acampamento. 7Tiveram medo e disseram: «O Deus deles chegou ao acampamento. Ai de nós! Até agora nunca se ouviu coisa semelhante. 8Ai de nós! Quem nos salvará da mão desse Deus excelso? É aquele Deus que feriu os egípcios com toda a espécie de pragas no deserto. 9Coragem, ó filisteus! Portai-vos varonilmente, não suceda que sejais escravos dos hebreus como eles o são de vós. Esforçai-vos e combatei.» 10Começaram a luta; Israel foi derrotado e todos fugiram para as suas casas. O massacre foi tão grande que ficaram mortos trinta mil homens de Israel. 11A Arca de Deus foi tomada, e os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, pereceram.

Evangelho: Mc 1, 40-45

Naquele tempo, 40um leproso veio ter com Ele, caiu de joelhos e suplicou: «Se quiseres, podes purificar-me.» 41Compadecido, Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: «Quero, fica purificado.» 42Imediatamente a lepra deixou-o, e ficou purificado. 43E logo o despediu, dizendo-lhe em tom severo: 44«Livra-te de falar disto a alguém; vai, antes, mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que foi estabelecido por Moisés, a fim de lhes servir de testemunho.» 45Ele, porém, assim que se retirou, começou a proclamar e a divulgar o sucedido, a ponto de Jesus não poder entrar abertamente numa cidade; ficava fora, em lugares despovoados. E de todas as partes iam ter com Ele.

Reflexão:

A lepra era uma doença aterradora, porque excluía da comunhão com o povo de Deus: «Impuro! Impuro!» gritava o leproso, à distância, para que ninguém dele se aproximasse (Lev 13, 45). Os rabinos consideravam o leproso como um morto. A sua cura era tão improvável como a ressurreição.
No texto que escutámos, o leproso atreve-se a aproximar-se de Jesus. E Jesus acolhe-o e toca-o, contra as normas vigentes. As leis só obrigam na medida em que concorrem para o bem do homem. É um tema que irá repetir-se ao longo do segundo evangelho e em Paulo. Pode haver momentos em que o cristão, levado pela sua consciência humanizadora, tenha de recorrer à «objecção de consciência».
Operada a cura, Jesus manda ao leproso que não faça publicidade dela, mas se apresente aos sacerdotes para que o reintegrem na comunidade. O objectivo da cura não era fazer publicidade apologética, mas reintegrar o marginalizado. A salvação já não se encontra na separação e na marginalização, mas na reintegração porque, com Jesus, entrou no mundo o próprio poder salvífico de Deus, que se põe do lado dos pobres e dos últimos da sociedade dos homens. A nova sociedade inaugurada por Jesus não marginaliza ninguém, não separa, não exclui, porque Jesus aboliu o sistema que separava o puro do impuro tal como o entendia o mundo judaico. O cristão é um homem livre para Deus e para os outros. A Igreja deve estar na linha da frente para que a liberdade se torne real para todos os homens.


* 5ª FEIRA

Primeira leitura: 1 Samuel 8, 4-7.10-22a

Naqueles dias, 4Reuniram-se todos os anciãos de Israel e vieram ter com Samuel a Ramá. 5Disseram-lhe: «Estás velho e os teus filhos não seguem as tuas pisadas. Dá-nos um rei que nos governe, como têm todas as nações.» 6Esta linguagem - ‘dá-nos um rei que nos governe’ - desagradou a Samuel, que se pôs em oração diante do Senhor. 7O Senhor disse-lhe: «Ouve a voz do povo em tudo o que te disser, pois não é a ti que eles rejeitam, mas a mim, para que Eu não reine mais sobre eles.10Referiu Samuel todas as palavras do Senhor ao povo que lhe pedia um rei. 11E disse: «Eis como será o poder do rei que vos há-de governar: tomará os vossos filhos para guiar os seus carros e a sua cavalaria e para correr diante do seu carro. 12Fará deles chefes de mil e chefes de cinquenta, empregá-los-á nas suas lavouras e nas suas colheitas, na fabricação das suas armas e dos seus carros. 13Tomará as vossas filhas como suas perfumistas, cozinheiras e padeiras. 14Há-de tirar-vos também o melhor dos vossos campos, das vossas vinhas e dos vossos olivais, e dá-los-á aos seus servidores. 15Cobrará ainda o dízimo das vossas searas e das vossas vinhas, para o dar aos seus cortesãos e ministros. 16Tomará também os vossos servos, as vossas servas, os melhores entre os vossos mancebos e os vossos jumentos, para os colocar ao seu serviço. 17Cobrará igualmente o dízimo dos vossos rebanhos. E vós próprios sereis seus servos. 18Então, clamareis por causa do rei que vós mesmos escolhestes, mas o Senhor não vos ouvirá.» 19Porém, o povo não quis ouvir a voz de Samuel. Disse: «Não! Precisamos de ter o nosso rei! 20Queremos ser como todas as outras nações; o nosso rei administrará a justiça, marchará à nossa frente e combaterá por nós em todas as guerras.» 21Samuel ouviu todas as palavras do povo e referiu-as ao Senhor. 22Então, o Senhor disse: «Faz o que te pedem e dá-lhes um rei.»

Evangelho: Mc 2, 1-12

1Dias depois, tendo Jesus voltado a Cafarnaúm, ouviu-se dizer que estava em casa. 2Juntou-se tanta gente que nem mesmo à volta da porta havia lugar, e anunciava-lhes a Palavra. 3Vieram, então, trazer-lhe um paralítico, transportado por quatro homens. 4Como não podiam aproximar-se por causa da multidão, descobriram o tecto no sítio onde Ele estava, fizeram uma abertura e desceram o catre em que jazia o paralítico. 5Vendo Jesus a fé daqueles homens, disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados.» 6Ora estavam lá sentados alguns doutores da Lei que discorriam em seus corações: 7«Porque fala este assim? Blasfema! Quem pode perdoar pecados senão Deus?» 8Jesus percebeu logo, em seu íntimo, que eles assim discorriam; e disse-lhes: «Porque discorreis assim em vossos corações?  9Que é mais fácil? Dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, pega no teu catre e anda’? 10Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados, 11Eu te ordeno - disse ao paralítico: levanta-te, pega no teu catre e vai para tua casa.» 12Ele levantou-se e, pegando logo no catre, saiu à vista de todos, de modo que todos se maravilhavam e glorificavam a Deus, dizendo: «Nunca vimos coisa assim!»

Reflexão:

A «palavra», em Jesus, consiste em «falar» e em «fazer». Por isso, as curas realizadas por Jesus são «palavra». Marcos, depois de nos dizer que Jesus «anunciava a palavra» (v. 2), oferece-nos um exemplo plástico dessa «palavra actuante». O foco da narrativa que ouvimos está nas palavras: «para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados…». O milagre confirma o poder de reconciliação com Deus reivindicado por Jesus. A atenção é mudada de um mal físico para um mal mais profundo, o pecado, que paralisa o homem, impedindo-o de avançar segundo o projecto de Deus. Os escribas compreendem o alcance das palavras de Jesus. Mas não estão dispostos a aceitar uma tal «blasfémia», porque só Deus pode perdoar os pecados. Jesus reage reforçando a sua afirmação: «Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados, Eu te ordeno: levanta-te» (vv. 10-11). O milagre é sinal do poder de Jesus.
A cura do paralítico é uma síntese da palavra pregada por Jesus. O reino de Deus está próximo, porque Deus decidiu oferecer o seu perdão aos homens. Esse perdão introduz o homem todo, corpo e espírito, na salvação.


* 6ª FEIRA

Primeira leitura: 1 Samuel 8, 4-7.10-22a

Naqueles dias, 4Reuniram-se todos os anciãos de Israel e vieram ter com Samuel a Ramá. 5Disseram-lhe: «Estás velho e os teus filhos não seguem as tuas pisadas. Dá-nos um rei que nos governe, como têm todas as nações.» 6Esta linguagem - ‘dá-nos um rei que nos governe’ - desagradou a Samuel, que se pôs em oração diante do Senhor. 7O Senhor disse-lhe: «Ouve a voz do povo em tudo o que te disser, pois não é a ti que eles rejeitam, mas a mim, para que Eu não reine mais sobre eles.10Referiu Samuel todas as palavras do Senhor ao povo que lhe pedia um rei. 11E disse: «Eis como será o poder do rei que vos há-de governar: tomará os vossos filhos para guiar os seus carros e a sua cavalaria e para correr diante do seu carro. 12Fará deles chefes de mil e chefes de cinquenta, empregá-los-á nas suas lavouras e nas suas colheitas, na fabricação das suas armas e dos seus carros. 13Tomará as vossas filhas como suas perfumistas, cozinheiras e padeiras. 14Há-de tirar-vos também o melhor dos vossos campos, das vossas vinhas e dos vossos olivais, e dá-los-á aos seus servidores. 15Cobrará ainda o dízimo das vossas searas e das vossas vinhas, para o dar aos seus cortesãos e ministros. 16Tomará também os vossos servos, as vossas servas, os melhores entre os vossos mancebos e os vossos jumentos, para os colocar ao seu serviço. 17Cobrará igualmente o dízimo dos vossos rebanhos. E vós próprios sereis seus servos. 18Então, clamareis por causa do rei que vós mesmos escolhestes, mas o Senhor não vos ouvirá.» 19Porém, o povo não quis ouvir a voz de Samuel. Disse: «Não! Precisamos de ter o nosso rei! 20Queremos ser como todas as outras nações; o nosso rei administrará a justiça, marchará à nossa frente e combaterá por nós em todas as guerras.» 21Samuel ouviu todas as palavras do povo e referiu-as ao Senhor. 22Então, o Senhor disse: «Faz o que te pedem e dá-lhes um rei.»

Evangelho: Mc 2, 1-12

1Dias depois, tendo Jesus voltado a Cafarnaúm, ouviu-se dizer que estava em casa. 2Juntou-se tanta gente que nem mesmo à volta da porta havia lugar, e anunciava-lhes a Palavra. 3Vieram, então, trazer-lhe um paralítico, transportado por quatro homens. 4Como não podiam aproximar-se por causa da multidão, descobriram o tecto no sítio onde Ele estava, fizeram uma abertura e desceram o catre em que jazia o paralítico. 5Vendo Jesus a fé daqueles homens, disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados.» 6Ora estavam lá sentados alguns doutores da Lei que discorriam em seus corações: 7«Porque fala este assim? Blasfema! Quem pode perdoar pecados senão Deus?» 8Jesus percebeu logo, em seu íntimo, que eles assim discorriam; e disse-lhes: «Porque discorreis assim em vossos corações? 9Que é mais fácil? Dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, pega no teu catre e anda’? 10Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados, 11Eu te ordeno - disse ao paralítico: levanta-te, pega no teu catre e vai para tua casa.» 12Ele levantou-se e, pegando logo no catre, saiu à vista de todos, de modo que todos se maravilhavam e glorificavam a Deus, dizendo: «Nunca vimos coisa assim!»

Reflexão:

A «palavra», em Jesus, consiste em «falar» e em «fazer». Por isso, as curas realizadas por Jesus são «palavra». Marcos, depois de nos dizer que Jesus «anunciava a palavra» (v. 2), oferece-nos um exemplo plástico dessa «palavra actuante». O foco da narrativa que ouvimos está nas palavras: «para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados…». O milagre confirma o poder de reconciliação com Deus reivindicado por Jesus. A atenção é mudada de um mal físico para um mal mais profundo, o pecado, que paralisa o homem, impedindo-o de avançar segundo o projecto de Deus. Os escribas compreendem o alcance das palavras de Jesus. Mas não estão dispostos a aceitar uma tal «blasfémia», porque só Deus pode perdoar os pecados. Jesus reage reforçando a sua afirmação: «Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados, Eu te ordeno: levanta-te» (vv. 10-11). O milagre é sinal do poder de Jesus.
A cura do paralítico é uma síntese da palavra pregada por Jesus. O reino de Deus está próximo, porque Deus decidiu oferecer o seu perdão aos homens. Esse perdão introduz o homem todo, corpo e espírito, na salvação.


* SÁBADO

Primeira leitura: 1 Samuel 9, 1-4.17-19;10, 1a

Havia um homem da tribo de Benjamim chamado Quis, filho de Abiel, filho de Seror, filho de Becorat, filho de Afia, filho de um benjaminita, que era um guerreiro forte e valente. 2Tinha um filho chamado Saul, mancebo de bela presença. Não havia em Israel outro mais belo do que ele; sobressaía entre todos dos ombros para cima. 3Tendo-se perdido as jumentas de Quis, pai de Saul, disse ele ao filho: «Toma um criado contigo e vai procurar as jumentas.» 4Atravessaram a montanha de Efraim e entraram na terra de Salisa, sem nada encontrar; percorreram a terra de Chaalim, mas em vão; na terra de Benjamim, tão-pouco as encontraram. 17Quando Samuel viu Saul, o Senhor disse-lhe: «Este é o homem de quem te falei. Ele reinará sobre o meu povo.» 18Saul aproximou-se de Samuel à porta da cidade e disse-lhe: «Rogo-te que me informes onde está a casa do vidente.» 19Respondeu Samuel: «Sou eu mesmo o vidente; sobe na minha frente ao lugar alto, porque hoje comerás comigo, e amanhã te deixarei partir, depois de responder às tuas preocupações. 1Samuel tomou então um frasco de óleo, derramou-o sobre a cabeça de Saul e beijou-o, dizendo: «O Senhor ungiu-te príncipe sobre a sua herança».

Evangelho: Mc 2, 13-17

Naquele tempo, 13Jesus saiu de novo para a beira-mar. Toda a multidão ia ao seu encontro, e Ele ensinava-os. 14Ao passar, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me.» E, levantando-se, ele seguiu Jesus. 15Depois, quando se encontrava à mesa em casa dele, muitos cobradores de impostos e pecadores também se puseram à mesma mesa com Jesus e os seus discípulos, pois eram muitos os que o seguiam. 16Mas os doutores da Lei do partido dos fariseus, vendo-o comer com pecadores e cobradores de impostos, disseram aos discípulos: «Porque é que Ele come com cobradores de impostos e pecadores?» 17Jesus ouviu isto e respondeu: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.»

Reflexão:

A atenção que Jesus dispensa à «gente» (´am há-rets, em hebraico), isto é, aqueles que não observavam a Lei segundo a interpretação rigorista, chocava os mestres de Israel. Estes chamavam «pecadores» a essa «gente» não só devido a eventuais culpas morais, mas também pelo facto de não observarem rigorosamente a Lei e os costumes dos fariseus. Nesse sentido, também Jesus era um «pecador»: não obrigava os discípulos aos rituais de purificação antes das refeições (7, 1-5) e recusava a casuística farisaica sobre o sábado (2, 23-28). Mateus é considerado pecador porque se contamina no contacto com os pagãos. A resposta de Jesus aos doutores da Lei não é uma justificação dos pecadores, mas a verificação dessa realidade. Os cobradores de impostos, conhecidos como pecadores, não pretendiam ocultar os seus defeitos e passar por justos. Pelo contrário, os «doutores da Lei», sendo também eles pecadores, pretendiam passar por justos, e julgavam não precisar do perdão de Deus.Mateus é chamado ao discipulado no momento em que exercia a sua profissão «mundana». Para os fariseus, havia profissões incompatíveis com a verdadeira religião. Para Jesus, não há profissão que exclua do discipulado cristão. O único impedimento ao seguimento de Cristo é considerar-se «justo» e «são»: «Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores» (v. 17).

Ricardo Igreja



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